Viviam fechados em casa de uma irmã e do cunhado, numa freguesia de Lousada. Os dois irmãos, ela de 55 anos e ele de 75, portadores de deficiência profunda, estavam maltratados, mal alimentados e a mulher também era violada pelo cunhado. Mas uma denúncia permitiu à Polícia Judiciária (PJ) do Porto ter conhecimento da situação e deter o casal, que vai hoje ser levado ao Tribunal de Penafiel para conhecer as medidas de coação.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, a denúncia anónima chegou há algumas semanas aos serviços sociais da Câmara Municipal de Lousada que a remeteu para a PJ. A investigação permitiu consolidar as suspeitas iniciais e ontem, munidos de mandados de busca e detenção, os inspetores foram a Lousada resgatar as vítimas.
O cenário encontrado era assustador. Os dois irmãos estavam desidratados, subnutridos e com preocupantes indicadores de saúde. Apesar de terem pouca ou mesmo nenhuma mobilidade, as vítimas eram amarradas à cama, ao que tudo indica para evitar que saíssem dali. Uma equipa dos serviços sociais prestou logo os primeiros socorros. Os irmãos tiveram de ser internados no hospital, onde irão permanecer nos próximos dias.
Os exames forenses realizados permitiram estabelecer prova dos maus-tratos e também dos abusos sexuais. A vítima do sexo feminino seria violada pelo cunhado e a mulher deste já o terá apanhado em pleno ato sexual, mas nunca o denunciou.
Freguesia em choque
Na freguesia, a notícia da detenção do casal foi recebida com estupefação. O alegado abusador, que trabalha à jorna na agricultura e faz biscates, é tido como uma pessoa respeitadora, trabalhadora e ninguém desconfiou de que pudesse maltratar os cunhados. O casal mudou-se do concelho de Penafiel para Lousada há alguns anos. Terá sido nessa altura que as vítimas passaram a viver com os agressores. Pouco depois, terá havido uma sinalização à Câmara por alegados maus-tratos, que não deu em nada. O casal está indiciado por crimes de abuso sexual de pessoa incapaz de resistência, maus-tratos e violência doméstica.
Cuidadores informais
Marido e mulher eram os cuidadores informais das vítimas, mas não tinham estatuto oficial, nem eram remunerados como tal. Receberiam a pensão a que têm direito as vítimas por serem deficientes.
Em comunicado, a PJ sublinhou a estreita colaboração com o Ministério Público de Lousada e com os serviços assistenciais e médico-legais locais.