Na Ponte do Abade, Sernancelhe, há homens e mulheres que choram e gritam, agarrados uns aos outros. Já passa das 18 horas. A notícia caíra ali meia hora antes, como uma bomba.
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"Veio aqui o comandante da GNR dizer-me que a minha filha e o meu genro tinham sido baleados", contou ao JN António de Jesus, pai de Liliane de Jesus Lino e sogro de Luís Pinto, o casal de 25 anos que a GNR encontrou baleado, na mesma zona onde estava o cadáver do militar Carlos Caetano.
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"Sobre o meu genro, Luís Pinto, a GNR disse-me logo que tinha sido encontrado morto, mas quando perguntei pela minha filha não tive resposta", explicou, aflito.
A essa hora, Liliane estava ferida em estado muito grave, no Hospital de Viseu. Cerca das 20 horas António Jesus desabafava ao JN: "A minha filha também já faleceu". Mas cerca da meia-noite recebeu a boa notícia de que ela saíra do bloco operatório e ainda estava viva.
Liliane trabalhava no Lar de Aguiar da Beira e Luís Pinto na construção civil. O casal, a residir em Benvende, Trancoso, saíra de casa de manhã numa Passat azul. Dirigiam-se para uma consulta no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra. "A minha filha estava a tentar engravidar e era por isso que os dois tinham ido a uma consulta", contou o pai de Liliane.
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Ao longo de todo o dia de ontem, a identidade do casal era desconhecida, uma vez que junto aos corpos não foi encontrado documentos de identificação. A GNR avançou apenas que o casal aparentava ter cerca de 40 anos. Na zona de Aguiar da Beira, acreditava-se que o casal fosse de longe, pois ninguém havia dado por falta de familiares.
"Eu ouvi as notícias, mas nunca pensei que o casal baleado fosse a minha filha e o meu genro", afirmou António de Jesus, ainda incrédulo.