
Dois reformados ingleses foram contratados por uma organização criminosa para traficar droga entre as Caraíbas e a Europa. Para não levantar suspeitas às autoridades, o casal - ele com 72 anos e ela com 70 - recorria a cruzeiros em paquetes de luxo, que, ao longo de um mês, passavam por vários locais de uma rota de sonho.
Os septuagenários acabaram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) na posse de mais de nove quilos de cocaína, avaliados em 63 milhões de euros, quando o navio atracou, no Terminal de Cruzeiros de Lisboa. Depois de sujeitos a primeiro interrogatório judicial, ambos foram colocados em prisão preventiva, devendo assim permanecer até ao julgamento, que se realizará em Portugal.
Investigação internacional
Segundo o JN apurou, o casal embarcou em Inglaterra num navio que, recentemente, iniciou um cruzeiro de luxo ao longo de um mês. A viagem teve como destinos alguns dos principais pontos turísticos do Mundo, nomeadamente diferentes países das Caraíbas.
Foi precisamente nessa zona do globo que os septuagenários receberam, de forma ainda não apurada pelas diferentes polícias envolvidas na investigação, mais de nove quilos de cocaína. A droga foi dissimulada na estrutura das malas de viagens para permanecer escondida até ao fim de um cruzeiro, no qual os cerca de 500 passageiros podem usufruir de restaurantes, casinos, piscinas interiores e exteriores, assim como de cinemas, jacuzzis ou capelas. Porém, as polícias internacionais, nomeadamente a Polícia Judiciária e a inglesa National Crime Agency, já estavam a investigar o casal, que conta com cadastro pelo mesmo tipo de crime.
Por esse motivo, quando o paquete Marco Polo atracou no Terminal de Cruzeiros de Lisboa, a PJ, com a colaboração da Polícia Marítima, informou o capitão do navio das suspeitas e realizou uma busca à cabina ocupada pelo casal durante todo o cruzeiro.
A operação permitiu encontrar a cocaína. Também permitiu confirmar que os septuagenários estavam, nesta como noutras viagens de luxo anteriores, ao serviço de uma rede de tráfico de droga internacional.
A ideia era que, devido à idade, o casal não levantasse qualquer suspeita às autoridades policiais e passasse incólume em eventuais ações de fiscalização a bordo do navio.
Desconheciam a droga
Confrontados com a descoberta dos inspetores da Judiciária, o homem e mulher começaram por afirmar desconhecer que as malas de viagem transportavam droga. Depois, optaram por se remeter ao silêncio.
Um silêncio que não impediu o juiz de instrução criminal de Lisboa de os colocar em prisão preventiva após o primeiro interrogatório.
60 anos
A média de idades entre os passageiros do paquete era superior os 60 anos. Os traficantes escolheram este cruzeiro para evitar suspeitas.
Destino: Inglaterra
A droga apreendida tinha como destino Inglaterra, país de origem do casal. No entanto, serviria também para abastecer outros mercados europeus.
Dois dias atracados
O navio fica atracado, em alguns portos, durante dois dias. Assim, mesmo que haja fiscalização, é sempre possível fazer chegar a droga ao barco na hora da partida.
