A Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território anunciou, esta sexta-feira, que foi notificada pelo Ministério Público de que a investigação relativa à poluição no rio Tejo está em segredo de Justiça.
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Segundo comunicado enviado às redações, encontram-se sujeitos a segredo de Justiça "elementos já coligidos, bem como todos os demais elementos juntos e a obter, relativos à investigação no âmbito do processo de inquérito Crime de Poluição no Rio Tejo". Nestes documentos, incluem-se os resultados das análises à Celtejo.
"Assim, todos os órgãos, serviços, ou pessoas com contacto com o referido processo estão impedidos de divulgar quaisquer informações, designadamente elementos de prova, resultados de análises ou de outras quaisquer diligências", lê-se ainda na nota.
Em conferência de imprensa, na segunda-feira, a Inspeção Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) informou que só na próxima semana seria possível conhecer os resultados das análises da Celtejo, de onde partem 90 % das descargas da indústria da pasta de papel.
Nuno Banza, inspetor-geral, do IGAMAOT, justificou com "constrangimentos inusitados" as dificuldades da recolha da amostragem realizada na Celtejo. O responsável negou-se a adiantar explicações concretas para o sucedido, lembrando que o Ministério Público tem em andamento um inquérito.
"Já tínhamos recolhido muitas vezes amostras com aquele tipo de coletor, mas, desta vez, o coletor não tinha líquido no interior", adiantou o inspetor. Acrescentou que na segunda tentativa, o sistema voltou a falhar e os recipientes tinham apenas alguma espuma e que só à terceira, depois de alertada a GNR para vigiar o local, foi possível proceder à recolha de amostras durante 24 horas.
Nuno Banza informou ainda que as análises feitas já à ETAR de Mação não revelaram resultados fora dos parâmetros recomendados. O mesmo aconteceu nas amostras da Navigator e Paperprime.
A ETAR de Abrantes apresentou, segundo os inspetores, valores acima do recomendado, embora em níveis que não explicam o nível de poluição detetado.
"Não consideramos os incumprimentos expressivos" na ETAR de Abrantes, advogou o inspetor-geral da IGAMAOT,
A Celtejo é uma empresa de celulose de Vila Velha de Ródão e uma das fábricas de pasta e papel da Altri (pertencente a Paulo Fernandes, que detém também o jornal O Correio da Manhã).