"Casual" dos No Name Boys condenado a nove anos e meio de prisão por violar rapaz de 16 anos
Nuno Cunha, membro influente da claque No Name Boys, foi condenado pela Relação de Lisboa a nove anos e meio de prisão por agressões, gravações ilícitas e violação de um rapaz de 16 anos junto ao Estádio da Luz em 2022. Tinha sido absolvido por este crime pelo Tribunal de Lisboa, em junho do ano passado.
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O arguido foi condenado por ter dito num momento posterior à violação, perante nova vítima de agressões no mesmo local, que “se tivéssemos um pau metíamo-lo no cu como o outro” e pela balaclava que a vítima identificou durante o crime e que foi apreendida em casa de Nuno Cunha, a única encontrada pela Polícia.
Nuno Cunha, 30 anos, faz agora parte de um rol de cinco casuals da claque No Name Boys condenado a penas superiores a sete anos de prisão pela violação de um jovem de 16 anos em abril de 2022, também adepto do clube da Luz, por ter amigos sportinguistas.
O caso de violação com um pau aconteceu em 19 de abril de 2022, quando os arguidos, após um jogo de futsal entre Benfica e Sporting, levaram o rapaz de 16 anos, benfiquista, para um descampado perto do Estádio da Luz. No local do crime, perto de uma hamburgueria, um dos arguidos disse à vítima "então és tu que te dás com lagartos", tendo o jovem sido agredido a pontapé e com socos por todos os elementos do grupo.
Com a vítima no chão, os arguidos tiraram-lhe o telemóvel para verificar que falava com elementos da Juve Leo e depois obrigaram-no a despir-se. Um dos arguidos disse então: "É hoje que perdes a virgindade" e a vítima foi nesse momento violada com um pau enquanto era filmada. A violência foi tal que o jovem de 16 anos teve que ser submetido a cirurgia plástica e deixou de ter interesse na escola, chumbando esse ano letivo. Após as agressões e violação, o jovem foi ameaçado de morte caso contasse algo à Polícia.
Meses depois, em outubro, Nuno Cunha e outros arguidos levaram dois jovens, também benfiquistas, para o mesmo local, onde os agrediram violentamente e os obrigaram a despir-se totalmente. Ali, Nuno disse que o "último que trouxemos para aqui mijou-se todo, se tivéssemos um pau metíamo-lo no cu como o outro”.
Perante tal, o Ministério Público (MP), no recurso que levou ao Tribunal da Relação, considerou que o arguido menciona expressamente a situação anterior, de abril, o que significa que esteve em tal local e participou em tais factos. Também considerou que a vítima da violação mencionou que um dos indivíduos que o agrediu se encontrava com o rosto tapado com uma balaclava e que, no universo dos arguidos deste processo, a única balaclava apreendida foi ao arguido Nuno Cunha.
O Tribunal da Relação de Lisboa deu agora razão ao MP e condenou o arguido a nove anos e seis meses de prisão, afirmando que “a conjugação de todos esses meios de prova é suficiente para concluir que Nuno Cunha se juntou aos demais, com eles tendo tomado parte direta nos factos”. Outro dos arguidos, dum total de 13 que se sentaram no banco dos réus, viu a Relação agravar-lhe a pena suspensa pela qual tinha sido condenado. Pedro Costa não foi condenado pela violação, mas por crimes de roubo.