Chama-se A-PHP, destrói o sistema nervoso e é uma das drogas mais populares nas ilhas
PJ apreendeu, ao longo de mais de um ano, quase 11 quilos de uma droga sintética usada como substituto mais barato da cocaína. Produto estupefaciente chega aos Açores e à Madeira em encomendas postais.
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Desde maio do ano passado, a Polícia Judiciária (PJ) apreendeu quase 11 quilos de uma droga sintética, que provoca alucinações, medo e paranoia nos consumidores. Com uma grande incidência nas ilhas dos Açores e da Madeira esta droga é usada como um substituto mais barato da cocaína, mas causa danos irreversíveis no sistema central nervoso dos toxicodependentes. A investigação da PJ foi agora concluída com a detenção de cinco dos principais traficantes da Madeira.
Alucinações, paranoia e medo
Chama-se A-PHP, é uma droga sintética em pó e está em expansão entre os consumidores dos arquipélagos dos Açores e da Madeira. O coordenador da PJ na Madeira, Ricardo Tecedeiro, refere que os primeiros registos desta substância já são anteriores à declaração das entidades oficiais que, há cerca de um ano, tornou proibido o consumo deste estupefaciente. "Neste momento, esta droga tem uma grande incidência nas ilhas dos Açores e da Madeira", garante.
Ao JN, o principal responsável pelo departamento da PJ na Madeira explica que a A-PHP é um substituto mais barato da cocaína e que, por esse motivo, é consumido da mesma forma. "Pode ser fumada ou consumida em pó", descreve. De uma ou de outra forma, uma consequência está assegurada: "provoca danos irreversíveis no sistema nervoso dos consumidores".
Alucinações, paranoia e medo foram alguns dos efeitos já sinalizados entre os toxicodependentes e muitos deles foram vistos "a deambular pela rua com o olhar perdido". "Já houve crimes cometidos por pessoas que estavam sob o efeito desta droga", avança o coordenador da PJ sem querer confirmar a relação causa/efeito entre o consumo e a criminalidade.
Investigação concluída com cinco detenções
Motivada pelo crescimento desta droga nas ilhas, a PJ iniciou, em maio do ano passado, uma investigação que permitiu, ao longo destes meses, apreender quase 11 quilos desta droga sintética. As diligências efetuadas comprovaram, também, que a A-PHP é produzida em diversos locais e traficada para as ilhas através de encomendas postais.
Este método visa, essencialmente, evitar a intervenção policial e proteger a identidade dos recetadores da droga. Aliás, os destinatários das cartas que escondem a A-PHP eram sempre pessoas contratadas pelos traficantes para esse efeito.
Apesar dos cuidados evidenciados pela organização, a PJ da Madeira deteve cinco dos membros da organização criminosa, residentes na Madeira e responsáveis pela distribuição da droga na ilha, durante as nove buscas feitas. Na recente operação, também apreendeu uma viatura e oito mil euros em notas.