Chefes criticam “habilidosas e seletivas narrativas” sobre plano de fuga da cadeia de Coimbra
A Associação Sindical de Chefias da Guarda Prisional (ASCGP) defende que “não será com habilidosas e seletivas narrativas e retóricas” por parte do Ministério da Justiça (MJ) que os problemas do sistema prisional serão resolvidos.
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Os representantes dos chefes criticam, desta forma, as tentativas do gabinete da ministra Rita Alarcão Júdice e da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais de desvalorizar os acontecimentos de sábado, na cadeia de Coimbra.
Nesse dia, recorde-se, um telefonema anónimo denunciou um plano de fuga de cinco reclusos, mas, nesta terça-feira, o MJ afirmou que “diligências e procedimentos de segurança” realizados após esse telefonema anónimo não confirmaram a “existência de um plano, meios de fuga ou sequer tentativa de evasão”.
Em reação a essa posição, a ASCGP compara o caso de Coimbra com um “arrastão” na praia de Carcavelos, em 2005, que foi confirmado, primeiro, pelas autoridades, mas desmentido “após suposta intervenção política”. E lembra que, no sábado, foram convocados 30 guardas “de folga e férias” para “resolver a situação”, ativado um contingente do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional e acionados diversos órgãos de polícia criminal.
Tudo “exclusivamente autorizado pelo diretor-geral da DGRSP que, por coincidência, foi diretor do estabelecimento prisional de Coimbra e, portanto, terá um conhecimento detalhado e profundo do contexto em que terá tido lugar 'alguma coisa', digamos, no mínimo de relevo”.
Sistema perto da implosão
A associação sindical pede que, mais do que desvalorizar os problemas, a tutela resolva as enfermidades que afetam o sistema prisional, entre as quais a pouca atratividade da carreira, que levou a que haja 275 candidatos para 225 vagas para guarda prisional. “Em princípio, a ser como em concursos anteriores, prevemos que se apurem para o concurso de guarda prisional 50 a 60 candidatos”, alerta.
Se nada for feito, avisa a ASCGP, “o sistema implodirá, colapsando”.