Os chefes da PSP vão entregar, nesta quinta-feira, 2300 cartas no Ministério da Administração Interna. Um número que representa a totalidade de polícias com esta patente. A missiva descreve vários problemas que afetam esta categoria profissional e exige que o ministro José Luís Carneiro responda rapidamente às reivindicações apresentadas. Chama-se "Carta de (des)motivação" e começa por garantir que os chefes da PSP sentem-se "desmotivados, desrespeitados, ignorados, discriminados" e até "humilhados". Depois, o documento elenca oito pontos que, para o Sindicato Nacional da Carreira de Chefes (SNCC), são os principais entraves ao futuro desta categoria.
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Logo no início da carta, o sindicato recorda que, num passado recente, foi retirado aos chefes o direito de ascender a oficial de polícia, assim como a "possibilidade de aos 55 anos de idade e 36 de serviço passar para a situação de pré-aposentação".
"Também foi vedada a possibilidade de promoções automáticas (que continuam a existir noutras forças e serviços de segurança), o que por opção gestionária originou estagnação da carreira de chefes", lê-se, igualmente, no documento a que o JN teve acesso.
O SNCC alerta para o facto de a maioria dos chefes da PSP ter de esperar, em média, 25 anos por uma promoção à categoria superior, mesmo que cumpra todos os requisitos exigidos. "Sendo que no mesmo período um oficial progride do posto de subcomissário ao de superintendente", realça.
Todos estes problemas, assim como "procedimentos concursais demorados, adensa a falta de atratividade da carreira", sustentam os chefes.
Exigida resposta de ministro
A mesma carta salienta, ainda, que "os problemas identificados já foram reconhecidos pela Assembleia da República", através de uma resolução que "recomenda ao Governo que reveja as carreiras da PSP, com destaque para a carreira de chefes, dado ser a única que tem profissionais com a carreira estagnada".
"Não podemos olvidar ainda o facto de, recentemente, através de petição pública, o SNCC ter levado tal problemática à Assembleia da República, cujo relatório da Comissão, unanimemente, acolheu as motivações de tal petição, o que bem espelha a necessidade premente de se repor justiça na carreira de chefe da PSP", lê-se também.
Por fim, o SNCC afirma que "a responsabilidade, pelo menos a total, do estado a que chegou a carreira de Chefes da PSP" não é do ministro da Administração Interna, mas alega que "também não é menos verdade que estará nas mãos" de José Luís Carneiro "a sua resolução".