Dois agentes da PSP foram temporariamente suspensos e outros três enfrentam processos disciplinares. Insultos a políticos e a magistrados violam o dever de correção previsto no Estatuto Disciplinar.
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Dois polícias foram recentemente suspensos por terem feito, nas redes sociais, publicações consideradas ofensivas e insultuosas para governantes ou promotoras da discriminação racial, de género, religiosa ou social. Outros três agentes enfrentam processos disciplinares pelo mesmo motivo. A PSP confirma os casos no mesmo dia em que o diretor nacional, Magina da Silva, reafirmou a convicção de que a Polícia não está infiltrada por elementos da extrema-direita.
Um dos agentes suspensos é Manuel Morais, elemento do Corpo de Intervenção que, em junho do ano passado, chamou "aberração" ao deputado do Chega, André Ventura. "Decapitem estes fascistas nauseabundos que não merecem a água que bebem", escreveu Morais, na sua página de Facebook. Por estas palavras, foi punido com dez dias de suspensão pelo comandante da Unidade Especial de Polícia, o superintendente-chefe Paulo Lucas. O castigo ainda é passível de recurso, primeiro, para o diretor nacional da PSP, depois, para o Ministério da Administração Interna e, finalmente, para o tribunal.
Insultou governantes
Quem já recorreu de uma suspensão de 30 dias foi um agente principal do Comando Metropolitano de Lisboa. Este, apurou o JN, fez duas publicações no Facebook, nos dias 15 e 16 de agosto de 2019, a insultar oficiais da PSP e membros do atual Governo. Uma "conduta que constitui uma infração disciplinar por violação aos deveres de prossecução do interesse público, de correção e de aprumo, previsto no Estatuto disciplinar da PSP".
Após ter sido castigado pelo comandante direto, o agente recorreu para o diretor nacional, mas Magina da Silva ratificou a penalização em novembro de 2020 e, no primeiro dia deste ano, o polícia começou a cumprir os 30 dias de suspensão.
Quem ainda aguarda pela conclusão dos processos disciplinares instaurados são três polícias que, nas redes sociais, escreveram mensagens insultuosas para dirigentes e militantes de diferentes partidos políticos. Um deles também criticou os juízes que condenaram oito polícias da esquadra de Alfragide por agressão a moradores da Cova da Moura.
Apesar destes casos, Magina da Silva "continua a acreditar que não existe uma infiltração generalizada da extrema-direita na PSP". A convicção foi expressa ontem, numa entrevista à TSF. O mesmo pensa Paulo Santos, presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP). O dirigente sindical alega que estas punições estão previstas no Estatuto Disciplinar da PSP e são conhecidas de todos. "Temos de ter a responsabilidade de saber qual é o nosso papel na sociedade e qual a conduta a adotar no espaço público, nomeadamente nas redes sociais", defende.