O movimento Climáximo criticou várias ações “flagrantes” e "repressivas" de "violência do Estado", incluindo detenções injustificadas, noites passadas na prisão e revistas abusivas. Esta manhã de quarta-feira, a greve dos funcionários judiciais adiou novamente o julgamento de 11 ativistas, em Lisboa.
Corpo do artigo
Os elementos da Climáximo queixam-se, em concreto, de duas situações de "revistas abusivas" ocorridas nos últimos meses, sendo que as ativistas “obrigadas a despir-se completamente” estão a apresentar queixa. Já em março, o Ministério Público pretendia que quatro pessoas detidas após um protesto no Aerporto de Lisboa não pudessem estar juntas no espaço público, “colocando em causa o direito à reunião”, lê-se num comunicado do coletivo ambientalista.
Ainda no último mês, segundo a Climáximo, a polícia deteve duas pessoas que se encontravam a tirar fotos à maratona da EDP, perto do MAAT, junto ao rio Tejo. O coletivo queixa-se de que foram levados para a esquadra e, “sem razão aparente, apreenderam-lhes os sapatos, libertando-os umas horas mais tarde, descalços”.
"É o sistema a defender-se a ele mesmo"
Maria Mesquita, uma das arguidos que deveria ser julgada esta manhã considera que a repressão “é o sistema a defender-se a ele mesmo. O sistema condena-nos dentro do tribunal com penas de prisão, e fora do tribunal com a guerra declarada às pessoas e ao planeta. A escolha real está do lado das pessoas: vamos consentir com este sistema, ou vamos resistir?".
No julgamento novamente adiado, 11 elementos da Climáximo foram acusados de “interrupção das comunicações" e "desobediência civil" por terem bloqueado a Avenida Eng. Duarte Pacheco, em dezembro de 2023. Os 11 arguidos foram identificados na segunda-feira e manifestaram a intenção de prestar declarações.
Colapso ambiental não faz parte do processo
No entanto, quando se apercebeu de que cada um deles queria ler um manifesto contra pessoas e empresas responsáveis pelo que consideram o colapso ambiental, o juiz impediu-os de o fazerem, justificando que isso está fora do objeto do processo.
Na altura, a defesa dos arguidos contrapôs que o "processo tem a ver com questões climáticas", mas o juiz não aceitou a leitura dos manifestos em defesa do clima e contra quem ameaça o planeta. As sessões de ontem e de hoje foram adiadas devido à greve dos funcionários judiciais.
Nove condenados a um ano de prisão ou multas entre os 600 e 1600 euros
Segundo um balanço da Climáximo, nos últimos 6 meses foram organizada mais de 40 ações, contando com 100 identificações, das quais 75 resultaram em detenções. Existem 13 casos judiciais ativos, três deles já com decisões finais: um caso arquivado e nove elementos condenados a um ano de prisão convertido em multa com valores entre os 600 e os 1600 euros por pessoa.
Estão já agendados julgamentos para maio devido à ação no Aeródromo de Cascais, em junho devido ao bloqueio da Rua da Escola Politécnica, e em setembro devido ao bloqueio de estrada na Praça José Fontana e da Avenida 24 de Julho.