Colegas de acusado de violar adepto junto à Luz dizem que ele estava a trabalhar
Colegas de trabalho de Igor Martins, arguido no caso de adeptos do Benfica acusados de violar outro jovem adepto por tirar fotos da claque, garantiram, esta quarta-feira, em tribunal, que o arguido estava a trabalhar na noite em que aconteceu o crime.
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O Tribunal de Lisboa onde o caso está a ser julgado decidiu pedir à fábrica de Mem Martins, Sintra, onde Igor trabalha, o registo automático de entradas e saídas, antes de avaliar o alibi.
Um funcionário, um supervisor e um adjunto da unidade fabril em Mem Martins, Sintra, onde Igor trabalha apoiaram-se em documentos para mostrar que o arguido estava a trabalhar no turno das 16 à meia noite do dia 19 de abril de 2022. Esta foi a noite em que, de acordo com a acusação do Ministério Público, um jovem de 16 anos foi violado por "casuals" ligados à claque No Name Boys, após um jogo, nas imediações do Estádio da Luz.
Amândio Gomes, supervisor no turno do arguido, disse que Igor estava a trabalhar, de acordo com o seu registo, e que era impossível sair sem ser detetado. "É impossível alguém abandonar o posto sem que dê por isso, o Igor estava encarregue de três linhas de produção de bobines de nylon para a pesca e não podia sair sem avisar".
O coletivo de juízes quis saber se podia outro colega de Igor dar uma ajuda se ele saísse do trabalho. A testemunha não soube responder e fez alusão aos cartões de trabalhador para controlo de saída e entrada na fábrica.
Vítor Carapinha, adjunto de supervisão, não se lembra de ver o arguido, mas garante que "se ele faltasse ou se se ausentasse, dava por isso e registava". "O meu trabalho é controlar as linhas e nada foi reportado", assegurou.
Reconhecimento posto em causa
Nesta sessão de julgamento testemunharam também dois agentes da PSP que estiveram ao lado de Igor na "linha de reconhecimento" na esquadra de Benfica no dia das detenções, em fevereiro do ano passado. O advogado do arguido quis saber se os polícias tinham vestido algum equipamento característico da PSP, como botas táticas, mas as testemunhas não se lembravam. Também perguntou se, sendo ambos caucasianos, têm ascendência africana, tal como o arguido, o que, naturalmente, negaram.
Este arguido e mais quatro acusados estão em liberdade, ao contrários dos restantes oito, que estão em prisão preventiva. É sobre estes que recaem as mais fortes suspeitas de participação na violação. São todo adeptos "casuals", um subgrupo descarateriza e violento de apoio a clubes de futebol, neste caso ao Benfica. Além do crime de violação, respondem por roubo, ofensas à integridade física, gravações ilícitas, coação agravada, desobediência, detenção de arma proibida e tráfico de estupefacientes.