Amigos de jovem agredido arrasados: "Com a morte do Paulo perdi parte da minha vida"
Amigos do estudante que morreu após agressão à porta de uma discoteca na Baixa do Porto choram a perda do jovem.
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"Perdi parte da minha vida. O Paulo estava muito presente e era o meu melhor amigo", relatou, de voz embargada, Vinicius Cassius, amigo de Paulo Correia, o estudante que foi agredido, na madrugada de domingo, perto de uma discoteca, na Rua de Passos Manuel, no Porto, e morreu na segunda-feira no Hospital de Santo António. O agressor, Anas Kataya, um estudante francês a residir no Porto, passou todo o dia de ontem no Tribunal de Instrução Criminal, que decretou a prisão preventiva ao início da noite.
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Vinicius contou ao JN que estavam a festejar os anos de um amigo, o Gonçalo Franco, de 22 anos, também ele agredido com uma garrafa na cabeça.
"Fomos jantar e depois resolvemos divertir-nos na [discoteca] Boîte. Mas estava uma multidão à porta e, como temos um amigo que lá trabalha, fomos até às grades para ver se entrávamos mais rápido", recordou.
Jovens agressivas
Segundo Vinicius, na fila para entrar na discoteca estavam quatro jovens francesas, estudantes no programa de intercâmbio académico Erasmus.
"Estavam muito histéricas, sempre aos empurrões. Houve umas brincadeiras connosco. Só que não gostaram da abordagem e o discurso tornou-se mais agressivo", recorda.
As quatro raparigas decidiram sair da fila. Terão tentado agredir um dos rapazes do grupo de portugueses e cuspiram noutro. Pouco depois, chamaram os amigos. Entre eles estava o agressor, entretanto detido.
"O que demorou uma hora a relatar à PSP, percebo agora que não passou de poucos minutos. Lembro-me deles virem para nós e alguns pegarem em garrafas de cerveja", diz Vinicius.
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Um dos amigos caiu após ser agredido e também foi pontapeado quando estava no chão. Gonçalo Franco foi em seu auxílio e um dos estudantes franceses atacou-o com uma garrafa de cerveja. "Foi muito confuso. Vi o Gonçalo a cambalear e pensei que ia desmaiar. E depois vi o Paulo a cair ao chão", afirmou.
Gonçalo, o aniversariante que também relatou os acontecimentos ao JN, tem memórias mais difusas. "Houve aquela confusão com as raparigas, que depois foram chamar os amigos. Vi o Paulo a tentar ajudar um de nós que estava a ser agredido. Levei com a garrafa e depois vi o Paulo a cair no chão, como se fosse em câmara lenta. Ainda se arrastou um pouco e depois ficou inconsciente", contou.
A PSP chegou rapidamente ao local e "foram inexcedíveis connosco e com o Paulo", afirmou Vinicius.
Uma médica que estava no local prestou os primeiros socorros ao jovem, até à chegada do INEM. Paulo Correia entrou no hospital em estado crítico e não resistiu aos ferimentos.