Comando que sequestrou especialista em criptomoeda para reaver milhões acusado de rapto e roubo
Os quatro homens e a mulher detidos em fevereiro pela PJ de Coimbra, após terem raptado um intermediário financeiro de São Pedro do Sul que queriam forçar a devolver vários milhões de dólares de origem suspeita, acabam de ser acusados pelo Ministério Público (MP) de rapto e de um crime de roubo agravado, ocorridos na zona de Viseu.
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O "comando" era composto por três ingleses e um brasileiro que viajaram de propósito a Portugal, onde viriam a contar com a ajuda de uma mulher portuguesa, para recuperar o dinheiro. Para isso, abordaram o intermediário financeiro, um especialista em criptomoedas residente em São Pedro do Sul, que raptaram, agrediram e mantiveram sob sequestro durante mais de 24 horas, em Viseu.
Os suspeitos deslocaram-se a Portugal com a missão de recuperar supostos dividendos de produtos financeiros, na ordem de vários milhões de dólares americanos.
A vítima, de 42 anos, tem dupla nacionalidade, portuguesa e brasileira. Viveu vários anos do outro lado do Atlântico até regressar a São Pedro do Sul, de onde é natural.
Em 19 de fevereiro, quando chegava a casa, que foi raptada pelo comando. Os homens queriam forçar a vítima a entregar-lhes códigos e senhas que permitiam o resgate dos dividendos junto de instituições financeiras internacionais.
Levaram o homem para Viseu, onde ficaram instalados num hotel, à espera que o banco abrisse no dia seguinte. No hotel, a vítima já deixara uma mensagem escrita para que o funcionário alertasse as autoridades, mas o alerta terá passado despercebido.
Sempre mantido sob apertado sequestro, o intermediário financeiro foi levado ao banco, onde na zona dos cofres recuperou o disco informático, no qual estariam guardados os milhões em criptomoeda. Alegou dificuldades informáticas que não lhe permitiam aceder às bitcoins para pedir ao comando que tinha de regressar ao banco, onde possuía outro dispositivo que desbloquearia o primeiro.
Na segunda ida à instituição bancária, o homem conseguiu escrever a mensagem de pedido de socorro "num post-it". O alerta foi lido por um funcionário, que alertou a PSP. Mas os indivíduos acabaram por perceber a chegada iminente das autoridades e fugiram.
"Os quatro arguidos estrangeiros deslocaram-se propositadamente a Portugal e, em conluio com a arguida portuguesa, abordaram, privando de liberdade a vítima, um intermediário financeiro, e mediante ameaças e violência física tentaram forçá-lo à entrega de elevadas quantias monetárias na ordem dos vários milhões de euros, bem como diversa documentação e informação bancário-financeira respeitante a negócios prévios", adiantou esta quarta-feira, Departamento de Investigação e Ação Penal Regional de Coimbra.
O grupo acabou por ser capturado na casa da empresária, situada no centro do Porto. Todos foram colocados em prisão preventiva.