
Crime violento no Montijo
A professora que estava dada como desaparecida no Montijo desde sábado foi assassinada nessa mesma noite, com golpes de martelo, desferidos à vez pela filha adotiva e pelo genro, que depois desmembraram o corpo e queimaram-no com gasolina num descampado, provocando mesmo um incêndio.
Corpo do artigo
A filha encenou o desaparecimento da mãe e deu entrevistas e fez apelos nas redes sociais. Mas os inspetores da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal desmontaram os seus álibis com imagens de uma bomba de gasolina em que ele aparece a comprar gasolina e um isqueiro. Confessaram.
Sem trabalho e casados de fresco contra a vontade da mãe, Diana Fialho, 23 anos, e o marido, Iuri Mata, de 27, receberam ordem de expulsão da casa que os três partilhavam, no centro do Montijo, no fim de semana, mas escolheram um caminho que, pensavam, lhes traria a independência: assassinar Amélia Fialho, 59 anos, e livrarem-se do corpo, ficando com duas casas que a vítima tinha e acabando com as quezílias constantes.
O casal terá admitido que, na noite de sábado, pela hora de jantar, colocou um soporífero na comida de Amélia e, com ela já adormecida, desferiram várias pancadas com um martelo na sua cabeça. Desmembraram o corpo e enrolaram-no numa manta.
Corpo encontrado por acaso
Às cinco horas da manhã de domingo, dirigiram-se a uma zona remota do concelho, em Pegões, para se desfazerem do corpo, incendiando-o com gasolina. Os bombeiros apagaram o fogo, mas não viram o corpo. Depois de limparem os vestígios do crime, tanto em casa como no carro em que transportaram o cadáver, o casal comunicou o desaparecimento na PSP e nas redes sociais. A história, inventada por Diana e sempre corroborada pelo marido, dava conta de que a mãe tinha por hábito fazer longas caminhadas e, após o jantar de sábado, saíra com os seus documentos e o telemóvel para não mais voltar.
O cadáver foi só encontrado na noite de quarta-feira, quando o dono da mata calculava com a GNR a área ardida. Estava irreconhecível e nem sequer se percebia se era homem ou mulher. Um membro foi mais tarde recuperado, longe do corpo, para onde poderá ter sido levado por animais.
Trajeto inspecionado
A PJ já investigava o desaparecimento de Amélia quando soube da descoberta do corpo. A hipótese de homicídio ganhou forma e os inspetores percorreram o troço de quase 20 quilómetros entre Montijo e Pegões, isto enquanto os suspeitos, principalmente a filha, Diana, apelava por informações do paradeiro da mãe.
Numa bomba de gasolina surgiu uma das provas mais fundamentais. A videovigilância apanhou Iuri a comprar gasolina e um isqueiro, que os dois usaram para queimar o corpo. Já na madrugada de sexta-feira, pelas duas horas, o casal foi abordado em casa pela PJ. Confrontados com estas e outras provas, confessaram o crime. Estão em prisão preventiva.
