Tribunal manda também o arguido, proprietário de talhos, pagar 182 mil euros de indemnizações. Mais três pessoas baleadas após discussão.
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Paulo Clemente, o empresário de Sabrosa que, em dezembro de 2018, disparou vários tiros, num torneio de sueca, em Vila Real, matando um jogador, de 50 anos, natural de Felgueiras, foi condenado ontem a 20 anos de prisão.
O Tribunal de Vila Real também determinou que o arguido pague cerca de 182 mil euros aos pais da vítima mortal e a duas pessoas que também foram baleadas naquela noite mas sobreviveram. O empresário, que está preso na cadeia de Vila Real desde o crime, também tem de pagar perto de 14 mil euros ao hospital, pelas despesas com o tratamento das vítimas.
Foi na noite de 23 de dezembro que Paulo Clemente, de 48 anos, proprietário de vários talhos na região, disparou cerca de uma dezena de tiros na sede do Grupo Unido de Tuizendes, onde decorria o torneio. Luís Matos, subgerente da agência do Crédito Agrícola de Felgueiras, foi o primeiro a ser atingido e morreu no local. Outros três amigos, Carlos Peixoto, Pedro Leite e Eugénio Pereira, todos de Felgueiras, ficaram feridos com gravidade, mas sobreviveram. O homicida ainda disparou na direção de um quinto homem, Carlos Lemos, que escapou ileso.
De acordo com a decisão do Tribunal de Vila Real, a discussão inicial começou com Carlos Lemos, que fazia parte de um grupo de 14 amigos de Felgueiras. Tinham-se deslocado à freguesia de Torgueda, em Vila Real, para participar no XV Grande Torneio de Sueca da Associação Recreativa e Cultural de Tuizendes.
"Sinal" na origem da discussão
Carlos Lemos exaltou-se depois de ter sido chamado à atenção por um membro da organização porque tinha feito um sinal ao seu parceiro, o que não era permitido. O barulho incomodou Paulo Clemente, que estava a jogar numa outra mesa. A discussão deu origem ao fim da partida e choveram insultos e ameaças ao empresário dos talhos.
Os ânimos serenaram e o grupo de Felgueiras foi convidado a sair das instalações, mas permaneceu no exterior, junto à porta. Quando Paulo Clemente saiu, voltou a criar-se confusão e este perdeu a cabeça. Foi buscar um revólver e uma pistola semiautomática ao carro, que estava estacionado à porta da sede do clube. "Quem são estes cobardes, eles pensam que me batem, eu vou matá-los a todos!", disse, antes de voltar para o local, onde viria a disparar contra quatro pessoas.