Um homem, de 36 anos, acusado de esfaquear um jovem e o pai, durante uma festa popular, em Aveiro, foi condenado, esta sexta-feira, a uma pena de dois anos de prisão, suspensa na sua execução por quatro anos. Um amigo do arguido, que respondia por um crime de ofensa à integridade física simples, foi absolvido.
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Os factos ocorreram na madrugada de 27 de julho de 2024, no recinto das festas do Mamodeiro, quando as vítimas deixavam o local de automóvel. A acusação refere que os dois homens não deixaram a vítima mais nova, que estava sentada no lugar do pendura, fechar a porta do carro e quando esta reagiu e ficou de costas para eles, um dos arguidos, "desagradado" com a atitude, empunhou uma navalha e desferiu-lhe vários golpes, que motivaram o seu internamento no Hospital de Aveiro.
O pai envolveu-se fisicamente com o agressor, tentando retirar-lhe a navalha e foi igualmente esfaqueado, caindo ao chão, onde acabou por ser agredido com um pontapé nas costas pelo segundo arguido.
O tribunal não deu como provada a intenção de matar e a juíza presidente realçou que as facadas não foram profundas e não atingiram órgãos vitais, condenando-o por dois crimes de ofensa à integridade física qualificada. Em cúmulo jurídico, foi-lhe aplicada uma pena única de dois anos de prisão, que ficou suspensa durante quatro anos e que está sujeita a um regime de prova e à obrigação de o arguido tratar o problema de alcoolismo.
Além da pena de prisão, o homem foi condenado a pagar uma indemnização de cerca de 11 mil euros à vítima, bem como os tratamentos hospitalares. O tribunal revogou ainda a medida de coação de prisão domiciliária a que o arguido estava sujeito há cerca de um ano.
Canivete foi um brinde
Durante o julgamento, o homem alegou ter agido em legítima defesa, referindo que estava a ser agredido pelos ofendidos. "Eles estavam em cima de mim a bater-me e como tinha o canivete aberto, sem querer, acabei por acertar num deles", disse.
O arguido explicou que o canivete tinha-lhe saído momentos antes numa máquina de brindes, num café onde tinha estado a consumir bebidas alcoólicas com um amigo. Referiu, ainda, que as agressões ocorreram na sequência de algo que terá dito à vítima mais nova quando esta se dirigia para o carro.
"Eu acho que não lhe disse nada de mal, mas, pela reação dele, deve ter sido uma provocação", referiu, adiantando que a vítima lhe deu um soco na face e o pai lhe bateu na cabeça com uma chave de rodas. O arguido contou que, após ter caído ao chão, tirou o canivete do bolso para tentar acabar com as agressões, acabando por atingir os dois.
Segundo a acusação, o homem terá desferido três golpes na vítima mais nova, em diferentes partes do corpo, e um golpe no pai. Em seguida, fugiu para um campo de milho, onde veio a ser detido pela GNR.