Gleibson Silva, de 32 anos, brasileiro, foi condenado esta quarta-feira no Porto a oito anos de prisão por tentar matar a ex-namorada, em maio do ano passado, numa rua vizinha do Hospital Santo António. Finda essa pena, efetiva, será expulso do país. Vai ainda pagar despesas médicas e uma indemnização à vítima.
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Considerado por peritos como socialmente "perigoso", o arguidotentou, logo no primeiro interrogatório e depois no julgamento, no tribunal de S. João Novo, manipular os juízes. Confessou-se "suicida" e, pretensamente, inimputável, por sofrer de uma doença psíquica que não o deixava distinguir entre o bem e o mal. Chegado a Portugal em 2022, atrás da namorada, estaria, "desde criança, a ser tratado". E o crime seria consequência de tal.
Vamos aos factos: O arguido namorava, no Brasil, com "Larissa", uma jovem que decidiu procurar vida melhor em Portugal. Apaixonado, Gleibson seguiu-a. Estávamos em dezembro de 2022. A mulher, pouco depois de chegar ao nosso país, conheceu "outro moço" por quem se apaixonou.
O rejeitado não suportou a desfeita. Procurou na internet "a pena aplicada em Portugal a quem matava uma pessoa" e, aparentemente, com um cenário já construído, foi a uma consulta de psiquiatria no Hospital S. João, onde nada lhe foi detetado.
A seguir, entre 16 e 17 de maio, entrou em contacto com a "ex". Primeiro propôs-lhe reatar a relação e, perante a resposta negativa, pediu-lhe ajuda. Iria ser internado no hospital Magalhães Lemos, não tinha ninguém em Portugal e precisava, "pelo menos" que ela lhe guardasse o automóvel.
A mulher, a morar em Braga, apiedou-se e veio ter com ele, para ajudar. Encontraram-se numa rua próxima do hospital de Santo António. Levou-a para o automóvel e aí, apunhalou-a várias vezes. Foi ao final da tarde e os gritos da senhora alertaram dois transeuntes que, rapidamente, a salvaram. Falhado o intento, o alegado homicida autoinfligiu-se golpes. No pescoço e pulsos, atos presenciados por quem passava e relatados em tribunal.
As mensagens escritas, as testemunhas e, até, a gravação áudio dos factos - feita pelo próprio - não deixaram dúvidas ao tribunal.
Face a tanta prova, Gleibson foi condenado a oito anos de cadeia, seguida de expulsão imediata do país e oito anos de interdição de cá voltar. Além disso vai pagar 2.300 euros de despesas médicas à vítima, acrescidos de 20 mil euros de indemnização.
Manipulador
O arguido alegou desde o início que sofria de uma patologia psíquica desde criança. Estaria, desde então, no Brasil, sob medicação e vigilância apertada. Não era verdade. O coletivo de juízes do S. João Novo, solicitou ao Brasil o historial médico do arguido. A resposta foi clara: foi-lhe diagnosticada, em 2021, uma "falta de atenção" que o prejudicaria no trabalho. Nada mais do que isso.
Em Portugal, a consulta em psiquiatria, não iria mais longe. Não padecia de nada. Mais longe foi a perícia pedida pelo tribunal. "Nada tem que o impeça de distinguir entre o bem e o mal" e conclui: "é perigoso".