Condutor alcoolizado que matou motociclistas: "Desgracei aquelas famílias e a minha vida também"
Condutor alcoolizado que matou dois motociclistas em Paredes confessa tudo em tribunal e pede desculpa.
Corpo do artigo
"Nesse dia, desgracei aquelas famílias e a minha vida também", desabafou ontem ao coletivo de juízes do Tribunal de Penafiel Pedro Miguel Magalhães, o condutor alcoolizado que, em abril de 2019, matou dois motociclistas num acidente de viação, no lugar de Valvide, em Recarei, Paredes.
No arranque do julgamento em que está acusado de dois crimes de homicídio por negligência, um crime de ofensa à integridade física grave por negligência e outro de condução perigosa, já que conduzia em excesso de velocidade e com uma taxa de álcool no sangue de 1,68 gramas/litro, Pedro Miguel Magalhães garantiu não se lembrar do acidente.
Quando foi chamado a depor recordou o dia 21 de abril de 2019, dia de Páscoa, dizendo que beijou o compasso com os pais em casa, em Campo, Valongo, onde almoçou. Disse ainda que, de tarde, foi para casa da namorada, em Recarei e que quando fazia o caminho de regresso a casa, ao final da tarde, "aconteceu esta desgraça".
"É tudo verdade"
Reconhecendo estar alcoolizado, por ter bebido com os pais ao almoço e ter consumido bebidas alcoólicas novamente, durante a tarde, em casa da namorada, Pedro Miguel Magalhães não soube relatar o momento do acidente. As autoridades apuraram durante as peritagens que, quando o acidente aconteceu, o arguido circulava na EN 15 a 102 quilómetros por hora, numa zona onde o limite de velocidade era de 50 e perdeu o controle do carro.
"Não sei se foi do choque, mas só me lembro de sair de casa da minha namorada. A partir daí não me lembro de mais nada, só de sair do hospital", garantiu em tribunal. Disse ainda que tudo o que sabe do acidente lhe foi contado depois, por familiares e amigos.
Pelo que consta na acusação, numa curva Pedro Magalhães "invadiu a faixa contrária" e abalroou três motociclistas que seguiam em direção a Recarei, provocando a morte de dois deles e ferimentos graves num terceiro condutor. "O que está aí, é tudo verdade", confessou ontem aos juízes.
Emocionado e nervoso, o arguido dirigiu-se às famílias de Luís Gomes, de 39 anos, de Ermesinde, Valongo, e de Ricardo Silva, de 36 anos, de Fânzeres, Gondomar, os dois motociclistas que, na sequência do violento embate, foram projetados para o interior do jardim de uma habitação, não resistiram à gravidade dos ferimentos e morreram no local.
"Só tenho que pedir desculpas àquelas famílias. Estou arrependido. Nesse dia destruí aquelas famílias. Não devia ter acontecido e tenho que ser responsabilizado por isso", disse o arguido. O julgamento vai continuar.
PORMENORES
Carro embateu em muro de casa
Carro conduzido por Pedro Miguel Magalhães embateu contra o muro de uma residência e ficou imobilizado junto do portão de acesso à casa.
Levado para o hospital à força
Depois do acidente, Pedro Miguel Magalhães apresentou um comportamento alterado, tendo sido necessário fazer uso da força para o transportar ao hospital.
Carro e estrada sem falhas
Segundo a acusação, nas perícias realizadas ao veículo e à via, não foram encontradas anomalias que pudessem ter contribuído para o acidente.