Entre 2010 e 2014, um grupo organizado terá posto em prática um esquema de viciação e comercialização de viaturas furtadas no valor de várias centenas de milhares de euros. O gangue, alegadamente liderado por Álvaro de Coimbrões, terá vendido de forma fraudulenta mais de 250 viaturas. Porém, os 13 arguidos e 3 empresas que esta tarde de sexta-feira conhecem a sentença, em Vila Nova de Gaia, apenas foram acusados pela venda de 25 viaturas e por ganhos de 415 mil euros.
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As três empresas usadas pelos arguidos compravam no estrangeiro viaturas acidentadas - principalmente BMW, Mini e Renault - supostamente para reparar e vender. Porém, a ideia era outra. Em Portugal, furtavam carros iguais aos importados e colocavam neles os elementos identificativos dos salvados - número de chassis e de motor, por exemplo. Depois, legalizavam os veículos furtados junto da Alfândega como se fossem os importados já reparados e vendiam-nos a clientes. A grande maioria dos compradores não fazia ideia da real origem das viaturas.
Operação 60 segundos
Em novembro de 2014, a Polícia Judiciária desmantelou o grupo com a operação "60 segundos", assim batizada, devido à rapidez com que os furtos das viaturas eram levados a cabo. Refira-se que os furtos eram levados a cabo por "desconhecidos" ao serviço do grupo que nada tinham a ver com o posterior esquema de comercialização.
A investigação acredita que o gangue, supostamente liderado por Álvaro Bernardino, também conhecido como "Álvaro de Coimbrões", terá estado envolvido na comercialização fraudulenta de mais de 250 viaturas. Só através de uma empresa utilizada pelo grupo terão sido importadas 239 viaturas de países europeus.
Todavia, ao fim de uma investigação de três anos, o Ministério Público decidiu acusar os 13 suspeitos e três empresas apenas pela comercialização de 25 viaturas - as efetivamente apreendidas em 2014. Respondem por vários crimes de associação criminosa, falsificação de documentos, burla qualificada e recetação. Paralelamente, foram conduzidos processos autónomos por eventuais ilícitos de fraude fiscal.
O Ministério Público de Gaia pediu ainda que, caso seja condenado, Álvaro de Coimbrões fique sem 737 mil euros, por causa de uma alegada incongruência entre os rendimentos obtidos de forma lícita e o real património do arguido naquele período de tempo.
A leitura de sentença decorre esta tarde no Pavilhão dos Bombeiros de Valadares, em Gaia.