Empresários garantem que estatísticas da PSP não refletem realidade. Turistas não se queixam por terem de regressar ao país de origem.
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A criminalidade registada pela PSP, desde o início do ano, na zona da movida do Porto, está a diminuir, quando comparada com o período pré-pandémico. O número de crimes contra as pessoas caiu cerca de 27% e aqueles que visam o património 18%. Mas as duas associações que representam o setor da diversão noturna garantem que as estatísticas oficiais não refletem a realidade. Alegam que há cifras negras que se explicam por dezenas de casos de turistas que não apresentam queixa, ou por desordens na via pública não reportadas.
São números oficiais da PSP. Entre o 1º de janeiro e 29 de agosto deste ano, registaram-se 2678 crimes na zona da movida do Porto, enquanto que no mesmo período de 2019, ano em que a pandemia não afetou a afluência à vida noturna, foram reportados 2791 ilícitos.
Condução com álcool sobe
As estatísticas mostram que houve menos 84 crimes contra o património (como os furtos ou danos) este ano e menos 38 crimes contra as pessoas (agressões). Os ilícitos contra a vida em sociedade, como a condução sob o efeito do álcool foram os únicos dos principais crimes que aumentaram de 30 para 44. Em termos gerais, a diminuição registada representa uma queda de 5% de 2019 para 2022.
Mas, para as associações representativas do setor que se queixam da falta de policiamento das zonas onde há vida noturna da cidade do Porto, existem cifras negras.
"Estes números não correspondem à realidade. Há muitos turistas que simplesmente não apresentam queixa. Ou porque não querem perder tempo com burocracias ou porque nem sequer sabem onde é a esquadra. As estatísticas são feitas com base nas queixas e nos autos de notícias, mas omitem muitas situações. Já desmentimos essa redução da criminalidade, em sede de Conselho Municipal de Segurança", disse ao JN o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, António Fonseca.
A mesma opinião é partilhada por Miguel Camões, da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto. "Há turistas que têm um voo para regressar ao país de origem no dia seguinte a uma agressão, por exemplo, e não têm tempo para se deslocar a uma esquadra. A nossa postura sempre foi de prevenção, e por isso é que queremos a possibilidade de colocar polícias em regime de gratificado, pagos por nós, na zona da movida. A direção da PSP já nos disse que não era possível e do Ministério da Administração Interna ainda não obtivemos resposta. Nós assumíamos esse custo. Era pago por nós", atirou o responsável.
Os empresários também acreditam que pode haver mais confusão nos próximos dias. "Com o regresso dos estudantes, o regresso das pessoas que estavam de férias e ainda os habituais turistas do mês de setembro, tudo isso num contexto de pós-pandemia, vai haver muita confusão. Há um sentimento de insegurança entre os empresários, porque quase todos os fins de semana há cenas de pancadaria", acrescentou António Fonseca.
Pormenores
177 operações para dar nas vistas
Segundo os dados da PSP, foram realizadas 177 ações de policiamento de visibilidade na área da movida, desde o início do ano. Oito outras operações foram planeadas e executadas na mesma área.
Reforço policial aos fins de semana
A PSP veio a público na segunda-feira garantir ter reforçado o policiamento aos fins de semana, após críticas do presidente da União de Freguesias do Centro Histórico do Porto, Nuno Cruz, que considerou que a segurança na cidade foi "abandonada" pelo Governo.