Amigos promoveram vigília por mulher assassinada em São Mamede de Infesta. Vítima queixou-se sete vezes do ex-namorado, já condenado por matar outra mulher.
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“Após a morte da Daniela [Padrino]senti necessidade de protestar contra o sistema. Que está a falhar e por isso estou a verbalizar a revolta. Por ela e por nós. Sentimo-nos ameaçadas.”
As palavras são de Diana, equatoriana, a viver no Porto há alguns anos. Ontem, juntou-se às cerca de 40 pessoas que se reuniram junto à Anémona, em Matosinhos, numa vigília por Daniela Padrino, assassinada no dia 8 do mês passado pelo ex-namorado, em São Mamede de Infesta.
Para Diana, e restantes manifestantes, é incompreensível que nada tenha acontecido, após uma mulher ter ido sete vezes a uma esquadra da PSP queixar-se do ex-namorado, que se encontrava em liberdade condicional, por ter cumprido nove dos 16 anos a que fora condenado pelo homicídio de outra namorada.
“A Daniela era uma mulher espetacular, supersimpática e muito ativa. Não se entende que a Justiça, logo às primeiras queixas, não o tenha detido novamente”, referiu Sandra Andrade, que partilhava com a vítima o gosto pela caminhada.
Denunciar falhas
Também Fran Seftel recorda que a morte de Daniela “foi um choque muito grande para os amigos”.
“Todos achamos que as notícias publicadas não foram suficientes e decidimos fazer esta vigília. É uma expressão de tristeza, de frustração e uma forma de denunciar as falhas do sistema”, sublinhou.
Na vigília de ontem foram lembradas, além de Daniela Padrino, todas as mulheres mortas em contexto de violência doméstica, desde o ano passado. O seu nome estava escrito em vários cartazes.