O advogado do ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, Germano Marques da Silva, admitiu esta segunda-feira ter ponderado chamar o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a depor como testemunha na fase de instrução do processo de Tancos.
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À entrada do Tribunal de Monsanto, em Lisboa, o mandatário do antigo governante explicou que só não o fez porque o presidente da República se trata "de uma alta figura do Estado", que "tem possibilidade de não responder" e beneficia de "imunidades". Germano Marques da Silva sublinhou, ainda, que não considera a inquirição de Marcelo Rebelo de Sousa fundamental.
Já sobre António Costa - que vai responder por escrito a cerca de cem questões do juiz Carlos Alexandre -, o advogado revelou que só arrolou o primeiro-ministro como testemunha por este ter sido, na fase de inquérito, impedido de prestar declarações pelo diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Albano Pinto, depois de a sua inquirição, tal como a do presidente da República, ter sido equacionada pelos procuradores que lideraram a investigação.
"Chamei o primeiro-ministro precisamente para que não houvesse dúvida nenhuma. [...] Quisemos criar uma oportunidade para que ele pudesse esclarecer", esclareceu Germano Marques da Silva.
Azeredo Lopes está, desde as 9.30 horas desta segunda-feira, a ser interrogado, à porta fechada, pelo juiz Carlos Alexandre. À entrada, disse apenas que só iria falar em tribunal.
O ex-ministro da Defesa é suspeito, segundo a acusação do Ministério Público, de ter dado cobertura institucional à recuperação encenada, ocorrida a 18 de outubro de 2017, da maioria do armamento furtado três meses e meio antes dos paióis militares de Tancos. Está acusado de denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal praticado por funcionário.
Desde o início que Azeredo Lopes diz ser inocente. Esta segunda-feira, o seu mandatário afirmou mesmo, aos jornalistas, que a prova existente é "zero".
O processo de Tancos conta, no total, com 23 arguidos. Destes, 15 requereram a abertura da instrução, destinada a decidir se existem indícios suficientes para o processo seguir, ou não, para julgamento e, se sim, em que termos. Para já, há diligências agendadas até 27 de fevereiro, sempre à porta fechada.