O advogado de Rui Pinto vai ponderar um eventual recurso sobre a condenação do seu cliente pelo crime de tentativa de extorsão. Por outro lado, à saída do tribunal, Francisco Teixeira da Mota assumiu que Rui Pinto “não contava ser absolvido, porque ele próprio reconheceu ilegalidades e mostrou arrependimento”.
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“O que esperava era que fosse tido em conta o serviço público que prestou, e esta decisão reconhece a existência de um serviço público prestado por Rui Pinto”, afirmou o advogado. Francisco Teixeira da Mota considerou assim que a suspensão da pena foi “um sinal positivo para o trabalho que o Rui Pinto desenvolveu, em termos de defesa do interesse público”.
“A pena efetiva era sempre possível, em termos legais, mas o tribunal entendeu que não o devia fazer, corretamente”. Rui Pinto viu a Lei da Amnistia perdoar 79 crimes, e o seu advogado admitiu que ainda vai estudar a aplicação da Lei, que classificou como “simpática”. “Como acho simpática a vinda do Papa a Portugal”, referiu.
Medeiros não quer "dinheiro desse senhor"
João Medeiros, advogado da PLMJ que se constituiu assistente no processo por ter tido o seu correio pirateado e publicado por Rui Pinto, ambém admite vir a recorrer da sentença e questionou o desagravamento de alguns crimes, que levou ao consequente perdão por via da aplicação da Lei da Amnistia.
À saída do tribunal, João Medeiros declarou que não quer “dinheiro desse senhor”, referindo-se à indemnização de 15 mil euros que o arguido Rui Pinto terá de lhe pagar. Neste sentido, o advogado prometeu doar aqueles 15 mil euros a uma ala pediátrica do Instituto Português de Oncologia.
Questionado pela comunicação social sobre as consequências da exposição dos seus emails, João Medeiros respondeu com uma nova questão. “Imagine que pegam na sua caixa de correio e divulgavam as fontes. Qual seria a consequência para a sua vida profissional?”.
“Não fico propriamente satisfeito com o mal dos outros. De qualquer forma, as pessoas têm de responder perante os seus atos e foi o que aconteceu”, rematou o advogado sobre a condenação de Rui Pinto.
“A lei é para cumprir"
Pedro Barosa, advogado da Federação Portuguesa de Futebol considerou que o tribunal atuou de uma forma exemplar. “Não obstante a complexidade do processo, era absolutamente linear. Houve um jovem que acedeu de forma ilícita ao sistema informático de várias entidades, exfiltrou e publicou informação”, clarificou o advogado.
“Hoje, o tribunal recordou aos arguidos que a lei é para todos”, acrescentou. Sobre a atribuição da Lei da Amnistia Pedro Barosa disse que “a lei é para cumprir, tanto dum lado como num outro”.
"O que mais jeito lhe dá”
Nélio Lucas, antigo diretor executivo da Doyen e alvo de tentativa de extorsão por parte dos arguidos, considerou que Rui Pinto não estava arrependido. “Ele arrependeu-se de ter a vida numa trapalhada, é o que mais jeito lhe dá”.
O ex-administrador disse estar feliz com a condenação, mas discordou da pena. “Durante muito tempo, muitos colocaram em causa que houve tentativa de extorsão, que só não foi conseguida porque não tínhamos intenção de pagar. O tribunal colheu a nossa versão dos factos, foi punido, mas podia ter sido uma pena mais severa”, afirmou.