O julgamento do médico dentista, que está acusado pelo Ministério Público (MP) de um crime de abuso sexual de adolescente, está a decorrer à porta fechada no Tribunal de Viseu. O homem, de 48 anos, quis falar na primeira audiência, realizada hoje de manhã, e "não confessou os crimes", apurou o JN junto de fonte judicial.
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No arranque do julgamento, a juíza titular ouviu todas as testemunhas de acusação e algumas de defesa (faltam duas). A magistrada pediu um relatório social do arguido e agendou a próxima sessão para o dia 23 de fevereiro.
A juíza ainda perguntou às partes, arguido e mãe da vítima, se queriam chegar a um acordo para evitar o julgamento, mas mulher não desistiu da queixa, avançou ao JN a mesma fonte.
Os alegados abusos ocorreram há dois anos, numa viagem de carro de regresso a Viseu, após um passeio de barco em Aveiro. A vítima é uma jovem, de 16 anos, amiga da filha do suspeito.
Segundo o MP, nessa viagem, em plena A25, o arguido investiu sobre a adolescente quando todos os outros ocupantes do carro estavam a dormir, as filhas deste, a vítima e o seu irmão. A jovem ia sentada no banco traseiro, entre o irmão e a amiga.
"O arguido esticou e direcionou o braço direito na direção das pernas" da vítima, "colocando a mão na canela da perna direita desta, próximo do joelho, fazendo-lhe festas, o que fez com a jovem acordasse", relata a acusação, acrescentando que a adolescente afastou a mão do homem e "fingiu que tinha adormecido".
Mais tarde, o suspeito voltou a "esticar o braço em direção ao corpo" [da adolescente] "e deslizou a mão pela sua perna, acariciando-a, até chegar ao botão e ao fecho dos calções que aquela trazia vestidos, os quais desapertou, após o que introduziu a sua mão no interior dos calções e das cuecas do biquíni, apalpando-lhe a vagina".
A seguir, refere o MP, o dentista apalpou os seios da menor e "disse-lhe que a amava, perguntando-lhe se também o amava", ao que "esta respondeu que não". Ainda lhe pediu o contacto de telemóvel, mas a jovem recusou.
A vítima, "visivelmente nervosa e ansiosa", contou tudo à mãe, mal chegou a casa. No mesmo dia, aquela apresentou queixa na PSP.
O arguido pode apanhar dois anos de cadeia. Além disso, o MP também quer que o dentista seja proibido de trabalhar com menores e pague uma indemnização à vítima "pelos incómodos psíquicos e prejuízos morais que lhe causou".