PGR recebeu, no primeiro semestre deste ano, mais denúncias do que em 2020. O Centro de Cibersegurança registou, de janeiro a junho, 847 crimes.
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O Centro Nacional de Cibersegurança registou, nos primeiros seis meses deste ano, 847 casos relacionados com crimes informáticos, fraudes e burlas a particulares e empresas que causaram prejuízos de centenas de milhares de euros. Número que representa um aumento superior a 20% relativamente ao período homólogo de 2020. Também o Gabinete de Cibercrime da Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu, no primeiro semestre deste ano, mais denúncias do que nos 12 meses de 2020.
O aumento verificado é justificado pelo serviço que monitoriza o ciberespaço nacional com o período de confinamento imposto pelo combate à pandemia da covid-19 e o gabinete do Ministério Público destaca a tendência de crescimento deste fenómeno criminal desde 2016.
Os dados não deixam margem para dúvidas. Na primeira metade de 2019, o Centro Nacional de Cibersegurança sinalizou 378 incidentes relacionados com o cibercrime, em 2020 foram 689 e, nos primeiros seis meses deste ano, 847. Um crescimento de 124% entre 2019 e 2021.
Segundo o boletim do Observatório de Cibersegurança ontem publicado, o phishing representa 40% dos crimes assinalados, mas há uma preponderância assinalável de crimes como a sextortion, o CEO Fraud, a burla com recurso ao MBWay e até a burla com heranças fictícias. Em quase todos estes cibercrimes, destaca o Centro Nacional de Cibersegurança, as vítimas foram manipuladas e tiveram um papel decisivo na concretização da burla.
"Os períodos de estado de emergência (de março a maio de 2020 e de novembro de 2020 a abril de 2021) e, em particular, os de recolhimento geral coincidem com as curvas ascendentes em termos de registos de incidentes, tendência já identificada em 2020 e que permanece em 2021", refere o boletim.
Ano de recordes
O Gabinete de Cibercrime da PGR confirma que houve um aumento excecional de denúncias "após a eclosão da pandemia da covid-19". Todavia, salienta uma tendência de crescimento deste tipo de crime desde 2016.
O certo é que, no primeiro semestre deste ano, a PGR recebeu 594 denúncias. Ou seja, mais do que em todo o ano de 2020, quando foram registadas 544 queixas. Em 2019, foram registados 193 casos.
Das quase 600 denúncias apresentadas este ano, 113 foram encaminhadas para inquérito e 11 foram remetidas à Polícia Judiciária. Devido à gravidade das incidências relatadas, estes casos serão investigados de forma minuciosa. A maioria deles envolve burlas com o MBWay e também ataques de phishing a entidades bancárias.
Crimes
Phishing
Registou-se, este ano, "uma importante evolução" nas campanhas de phishing. Imagens da Autoridade Tributária ou da EDP foram usadas para levar as vítimas a fornecer os dados dos cartões de crédito.
CEO Fraud
Entidades estrangeiras queixaram-se de que foram induzidas a pagar, em bancos portugueses, dívidas a fornecedores. No esquema conhecido por CEO Fraud, as contas eram controladas pelos criminosos.
Sextortion
A sextortion, esquema em que é exigido pagamento para não revelar imagens íntimas das vítimas, continua a ser um crime comum.