O ex-autarca e deputado Pinto Moreira, acusado de corrupção, tráfico de influência e violação de regras urbanísticas na Operação Vórtex, foi interrogado pelo juiz de instrução criminal Pedro Miguel Vieira, na manhã desta sexta-feira, e vai conhecer as medidas de coação durante a tarde.
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Pinto Moreira que prestou declarações durante cerca de duas horas já tinha sido ouvido, há meses, pelo Ministério Público, sendo que, na altura, ficou apenas com Termo de Identidade e Residência. Entretanto, foi formalmente acusado de corrupção e por isso o MP pediu a alteração das medidas de coação.
Além de Pinto Moreira, o MP visou o ex-presidente de câmara Miguel Reis e três funcionários da autarquia, além dos corruptores ativos.
Quem prometia ou pagava as contrapartidas eram, segundo o MP, os empresários Paulo Malafaia e Francisco Pessegueiro, assim como o arquiteto de Espinho João Paulo Rodrigues. E tudo era feito para que políticos do PSD e PS e funcionários públicos favorecessem os projetos imobiliários de Pessegueiro e Malafaia.
O esquema estaria de tal forma montado que Francisco Pessegueiro chegou a afirmar a João Paulo Rodrigues (arquiteto arguido), numa conversa telefónica intercetada pela Polícia Judiciária do Porto: “A merda do arquiteto [funcionário] controlava a Câmara toda, estava tudo comprado, inclusive o Pinto Moreira”. Foi após o fim do mandato autárquico de Pinto Moreira que o empresário desabafou ter receio da liderança de Miguel Reis. Estávamos em janeiro de 2021, mas poucos meses depois, o então autarca do PS também viria a aceitar luvas para beneficiar os interesses imobiliários dos corruptores.