Cinco reclusos, todos em prisão preventiva, estavam a escavar um buraco na parede da cela para, eventualmente, escapar da cadeia de Viseu. O plano foi descoberto na passada sexta-feira, durante uma busca feita pelos guardas prisionais.
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Os presos já foram transferidos de Viseu para outros estabelecimentos prisionais e serão postos em secções de segurança.
Entre os reclusos estão dois dos três ingleses detidos, no final de fevereiro, por sequestrarem um intermediário financeiro, residente em São Pedro do Sul. Os ingleses deslocaram-se a Portugal com a missão de recuperar supostos dividendos de produtos financeiros, na ordem de vários milhões de dólares americanos, mas acabaram detidos pela Polícia Judiciária (PJ) de Coimbra.
Estavam, desde essa altura, em prisão preventiva, na cadeia de Viseu e partilhavam a cela com outros três reclusos. Um de nacionalidade turca e dois oriundos da Roménia, suspeitos da autoria de roubos e também em prisão preventiva.
Todos terão planeado fugir do estabelecimento prisional por um buraco na parede da cela, que estava a ser feito recorrendo a uma barra de ferro de uma das camas. Não se sabe, ainda, há quanto tempo estavam os presos a trabalhar nesse buraco, nem como iriam, depois, ultrapassar os vários muros e vedações que impedem a chegada ao exterior da prisão.
Reclusos perceberam falhas do sistema
Sabe-se, no entanto, que a informação sobre os planos de fuga chegou aos guardas prisionais que, na sexta-feira, realizaram uma busca à cela e encontraram o buraco. De imediato, os presos que ali estavam em reclusão foram transferidos para a cadeia de Custóias, em Matosinhos, e para a prisão anexa à PJ do Porto.
Logo que possível, apurou o JN, serão encaminhados para uma secção de segurança prisional, existentes em cadeias como a de Paços de Ferreira ou Monsanto.
Ao JN, o presidente da Associação Sindical de Chefes da Guarda Prisional, Hermínio Barradas, refere que “os fenómenos de fuga de estabelecimentos prisionais começam a ocorrer porque não há capacidade do sistema”. “Os reclusos começaram a perceber a falta de segurança e estão a explorar as falhas do sistema”, acrescenta.
Apesar da preocupação manifestada por Hermínio Barradas, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) desvaloriza o caso. “A DGRSP informa que, no âmbito do trabalho quotidiano de segurança e prevenção, procedeu a buscas numa camarata do estabelecimento prisional de Viseu, tendo sido detetados danos numa parede. Os danos, cinco centímetros de descasque de estuque numa parede que tem pedra no meio, não deixando de constituir infração disciplinar grave, não se afiguram, num primeiro olhar, como uma tentativa de evasão”, refere fonte oficial.
A DGRSP refere, igualmente, que “os reclusos envolvidos no incidente foram objeto de medida cautelar enquanto decorre o competente processo disciplinar” e confirma que foram “transferidos para outros estabelecimentos prisionais”.