Detido a queimar milhares de euros e droga em "casa de recuo" da Pasteleira Nova
Um traficante tentou escapar à PSP, mas foi apanhado, na manhã desta segunda-feira, a tentar queimar a droga e os milhares de euros provenientes do tráfico, a partir de uma das bancas existentes no Bairro da Pasteleira Nova, no Porto. Também o dono do apartamento onde o material estava a ser destruído, e que também guardava duas máquinas para contar as notas e moedas recebidas no âmbito da venda de cocaína, heroína e haxixe, foi detido. O sexagenário é suspeito de ceder a própria habitação a redes criminosas para que fosse usada como "casa de recuo".
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Foi logo pelas 9.15 horas que os agentes da Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial da 2.ª Divisão chegaram ao Bairro da Pasteleira Nova. Com elementos fardados e outros à civil, a PSP rapidamente identificou um dos vendedores de droga presentes no local e foi no seu encalço pela rua Vieira da Silva, o epicentro do tráfico de droga naquele bairro.
Ao ver os polícias a persegui-lo, o traficante, com 25 anos, fugiu para o interior do prédio e refugiou-se num dos apartamentos. A PSP chegou à habitação logo depois e ainda viu o traficante a regar parte da droga e do dinheiro com gasolina e atear-lhe fogo para se livrar das provas que o incriminavam.
Notas, no valor de milhares de euros, e alguma droga ficaram destruídas pelo fogo, mas os agentes ainda conseguiram apagar as chamas e apreender mais de 2100 doses de heroína, cocaína e haxixe e quase sete mil euros em dinheiro intactos.
Casas a 400 euros por dia
Durante a ação policial, foi também detido o proprietário do apartamento. Trata-se de um porteiro de 60 anos suspeito de ceder a casa a uma das "firmas" que atua na Pasteleira Nova. Tal como o JN explicou em reportagem recente, os traficantes implementados no bairro tentam recrutar os moradores para a sua rede, de forma a que possam usar os apartamentos como "casa de recuo". Começam sempre por aliciar os residentes com avultadas quantias e chegam a pagar aos arrendatários até 400 euros por dia para poder usar as casas a qualquer hora como depósito de droga e dinheiro. Era o caso da habitação utilizada pelo traficante detido nesta segunda-feira, onde a PSP apreendeu duas máquinas que a "firma" utilizava para contar notas e moedas provenientes do negócio do tráfico.
Mais baratas são as residências que os traficantes usam para se esconderem, ou para ali abandonarem a droga, durante operações policiais. Nestes casos, pagam cerca de 150 euros por cada entrada no apartamento.
"Também há casos em que os arrendatários dos apartamentos recebem até três mil euros mensais para sair do bairro. Mantêm a casa em seu nome e pagam todas as contas para não levantar suspeitas, mas cedem-na definitivamente às organizações criminosas para que a usem a seu bel-prazer", explicou fonte policial.
Quando o dinheiro não chega para aliciar os moradores da Pasteleira Nova, as redes criminosas recorrem às ameaças para forçar a cedência das casas.