A Polícia Judiciária está a investigar a morte de um homem de 68 anos, anteontem à noite, num café de São João de Ver, Santa Maria da Feira. A vítima terá morrido em consequência de um alegado empurrão e consequente queda, após um desentendimento com outro homem.
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A noite decorria como tantas outras de convívio no Café São Bento, em São João de Ver. António Mota, conhecido como Motinha, era cliente habitual do café e estava sentado no parapeito de uma janela, a uns 60 centímetros de altura do chão, a navegar numa rede social, no telemóvel.
Pelas 22.30 horas, terá sido abordado por um conhecido, de 66 anos, que lhe quis pagar uma cerveja. António recusou a oferta, mas o outro insistiu de forma reiterada e, perante a recusa, tê-lo-á empurrado.
O Motinha "estava ao telemóvel, não contava com aquele empurrão e caiu desamparado no chão e bateu com a cabeça", contou outro cliente do café, que pediu anonimato. "Não vi sangue nem nada, mas ele estava sem reação", contou.
Os Bombeiros da Feira foram chamados pelas 22.50 horas. Ainda assistiram a vítima, mas o óbito seria declarado no Hospital S. Sebastião, em consequência do traumatismo que sofreu.
A GNR apareceu minutos depois e ouviu testemunhos que permitiram identificar o autor do "empurrão", que, entretanto, fora para casa.
Enfrentou GNR com arma
Já na sua habitação, ao confrontar-se com a presença da GNR, o homem abordou os militares na posse de uma pistola. Foi logo detido e entregue à Polícia Judiciária, que o deixaria nos calabouços da GNR. É ouvido hoje por um juiz.
Ontem, o Café São Bento esteve fechado, mas alguns clientes concentraram-se à sua entrada, comentando o episódio da noite anterior.
Contaram que o alegado agressor "é uma pessoa muito chata. Está sempre a dizer que paga a cerveja ao pessoal e não se cala com isso". "Se alguém recusar, ele começa a ficar muito chato", contou um homem. Outro cliente reforçou: "Tem o vício de insistir e começar a abanar e a empurrar as pessoas. Temos de sair de junto dele para não nos incomodarmos".
O detido esteve emigrado na Suíça e regressou há cerca de um ano. "De vez em quando, metia-se em confusões e arranjava problemas", conta um conhecido.
Ainda assim, pareceu unânime entre a clientela que o ex-emigrante "não quis fazer mal ao Motinha: empurrou-o e ele caiu mal".
Motinha é descrito como uma pessoa de saúde "frágil". "Era um paz de alma, um homem muito porreiro. Não se metia com ninguém", comentou um vizinho, incrédulo com o acontecimento.
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Antecedentes
O suspeito tem 66 anos e já era conhecido das autoridades, por ameaças e condução sob efeito de álcool. Houve desavenças com vizinhos que lavaram a participações às autoridades. Também são referidos desacatos em cafés, um deles em Fiães.
Portas fechadas
O Café São Bento já foi palco de vários desacatos, incluindo um caso com um disparo de caçadeira que feriu um homem na cara e num braço, em 2010. Ontem, estava encerrado. A dona, que se recusou a falar ao JN, estava abalada. "Ela é uma pessoa muito boa e deixa estar os clientes à vontade, mas muitos abusam e depois há estes problemas", comentou um cliente.
Outros casos
Porto: morreu depois de ter levado murro
Paulo Correia, estudante de 23 anos, morreu após ter sido agredido a murro, na madrugada de 10 de outubro, à porta de uma discoteca, no Porto. O ex-basquetebolista integrava um grupo que se envolveu em confrontos com outros jovens. O agressor, Anas Kataya, um estudante francês a residir no Porto, continua em prisão preventiva.
Bragança: confrontos mortais na rua
Luís Giovani Rodrigues, cabo-verdiano de 23 anos, morreu, em 2019, na sequência de confrontos com um grupo rival. Os desacatos começaram dentro de um bar de Bragança, mas foi na rua que Giovani foi agredido na cabeça com um objeto não identificado.
Porto: em coma após pontapé
Diogo Sousa tinha 15 anos quando, em novembro de 2018, foi atacado com um pontapé na cabeça, num jardim do Porto. Ficou em coma e teve de ser submetido a várias operações ao cérebro. O agressor, Rafael Silva, então com 18 anos, ficou em liberdade e, na semana passada, voltou a ser detido por esfaquear outro jovem.