São dez os vídeos filmados por moradores da Cova da Moura, Amadora, que serão analisados no julgamento do agente da PSP acusado do homicídio simples de Odair Moniz, na madrugada de 21 de outubro do ano passado. Seis deles parecem mostrar um agente a colocar um objeto parecido com um punhal perto do corpo.
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São três os moradores que entregaram vídeos captados por telemóvel às autoridades. Um deles fez seis filmagens e, segundo o “Expresso”, numa delas, vê-se um agente da PSP a colocar um “objeto morfologicamente semelhante a uma faca” junto do pneu traseiro de um carro que estava estacionado perto do corpo inanimado de Odair Moniz.
O semanário, que teve acesso aos vídeos, descreve que estas seis filmagens foram analisadas pelo Laboratório de Polícia Científica (LPC) da Polícia Judiciária. Os técnicos detetaram que o agente Rui M. “retirou as duas bolsas de cintura que a vítima tinha consigo, visualizando o seu conteúdo”. Logo depois, ainda segundo a PJ, o agente “parece pousar no chão” as duas bolsas, colocando-as junto ao referido pneu do carro de cor vermelha.
O “Expresso” adianta que, no início dos vídeos, não é visível qualquer tipo de objeto junto à roda da viatura, o que estará sublinhado nas legendas dos vídeos analisados pelo LPC, que juntou outros quatros vídeos ao processo.
Estas quatro filmagens foram feitas por dois outros moradores da Cova da Moura, que também foram inquiridos no processo.
Recorda-se que o PSP acusado, Bruno P., não teve, segundo o Ministério Público (MP), a intenção de matar Odair Moniz, mas sim afastá-lo e imobilizá-lo, porque este estava a resistir a uma detenção. Porém, os dois tiros disparados à queima-roupa pelo agente da PSP, na madrugada de 21 de outubro do ano passado, na Cova da Moura, Amadora, acabaram por matar a vítima, que fugira das autoridades por conduzir com uma taxa de alcoolemia de 1,98 g/l.
Por estes factos, o polícia, com 29 anos, da esquadra da Damaia, foi acusado de homicídio simples pelo Ministério Público, que, na acusação deduzida no passado mês de janeiro, sublinha ter sido encontrada uma faca no local. Mas o punhal, detetado dois minutos depois do corpo da vítima ter sido retirado, não tinha vestígios de pele de Odair, nem matéria biológica suficiente para traçar um qualquer perfil de ADN. Na descrição do circunstancialismo que levou à morte da vítima, nunca o MP diz que Odair Moniz usou uma arma branca para agredir ou ameaçar os polícias que o tentavam prender.