Diligências após telefonema anónimo não confirmam plano de fuga na cadeia de Coimbra
As “diligências e procedimentos de segurança” realizados após o telefonema anónimo que alertou para a evasão de cinco reclusos da cadeia de Coimbra não confirmaram a “existência de um plano, meios de fuga ou sequer tentativa de evasão”.
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A garantia é dada pelo Ministério da Justiça, que afirma também que é “falso” que os presos suspeitos “pertençam ao Primeiro Comando da Capital (PCC)”, a maior organização criminosa do Brasil. O gabinete da ministra Rita Alarcão Júdice avança ainda que vão ser apuradas “responsabilidades (disciplinares e criminais)” sobre a divulgação de informação sobre o caso.
Em comunicado, o Ministério da Justiça começa por referir que “não foram recolhidas provas, evidências ou indícios de qualquer tentativa de fuga”, mas confirma que “o único facto concreto a reportar foi o recebimento de um telefonema anónimo, alertando para a iminente fuga de reclusos do Estabelecimento Prisional de Coimbra”, tal como o JN noticiou.
“Não se podendo, de imediato, apurar a credibilidade e a origem deste telefonema, foi decidido acionar as medidas preventivas de segurança e de articulação com órgãos de polícia criminal”, descreve o documento. No entanto, “realizadas diligências e procedimentos de segurança, não foram recolhidos indícios que confirmem a existência de um plano, meios de fuga ou sequer tentativa de evasão”.
Recorde-se que, no sábado, confrontada pelo JN, a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais confirmou que, “no âmbito do trabalho quotidiano, e permanente, de vigilância e de segurança, foi detetada uma situação que poderia indiciar atos preparatórios para uma hipotética tentativa de evasão”. E acrescentou que, “nestas circunstâncias, foram tomadas as medidas de segurança e de articulação com órgãos de polícia criminal tidas por adequadas e insuscetíveis de partilha pública”.
Sindicato não teme punições
O gabinete da ministra sublinha, igualmente, que “está em curso o apuramento de eventuais responsabilidades (disciplinares ou criminais) sobre os factos causadores do alarme social e da perturbação no funcionamento do Estabelecimento Prisional de Coimbra”.
No mesmo comunicado, o Ministério da Justiça alega que “as extrapolações desta descrição factual são estranhas aos acontecimentos” e assegura que, contrariamente ao que foi sendo veiculado nos últimos dias, é “falso” que a “alegada fuga tenha sido detetada ou impedida pelos guardas prisionais”, “que todos os reclusos em causa pertençam ao PCC do Brasil” e que “tenha havido qualquer intervenção dos Serviço de Informações e Segurança (SIS)”.
Ao JN, o presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SCGP), Frederico Morais, não teme ser punido pelas declarações que prestou sobre o sucedido em Coimbra. “Estamos convencidos que o apuramento de responsabilidades agora anunciado será para identificar o autor da chamada anónima e não visará o Corpo da Guarda Prisional”, declara.
O dirigente sindical defende, aliás, que “nunca ninguém disse que havia uma tentativa de fuga”, mas que “houve um telefonema anónimo para a PSP e para a GNR a revelar que estaria a ser preparada uma tentativa de fuga”. “E essa informação foi validada, tanto que convocaram 30 guardas prisionais e uma equipa do Grupo de Intervenção e Segurança Prisional para fazer buscas e mudar os reclusos de celas”, sustenta.