O diretor Nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, não escondeu a satisfação sobre o reforço de financiamento da instituição, previsto no Orçamento de Estado de 2023. Na cerimónia comemorativa dos 77 anos da PJ, na Fundação Cupertino de Miranda, no Porto, e na presença da Ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, lembrou que o aumento de meios são sinónimos de mais responsabilidades e assumiu que dentro de sensivelmente um ano, a PJ será capaz de dar respostas mais céleres nas investigações de crimes económico-financeiros.
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Num discurso muitas vezes emotivo, Luís Neves lembrou o passado. Os tempos em que a PJ contava com pouco mais de 950 inspetores, com orçamentos deficitários para pagar as despesas com o pessoal. Criticando os burocratas, "transversais à administração pública", que dificultavam a admissão de novos investigadores, o diretor da PJ agradeceu o empenho da tutela na aposta na instituição.
"Estamos ainda a pagar o desinvestimento do passado. Temos finalmente um orçamento que dignifica a instituição e que vai ao encontro do futuro. Este orçamento de 2023 permite que no dia 1 de janeiro não estejamos a pensar no pagamento de ordenados de agosto. Quero agradecer esse empenho", disse Luís Neves, lembrando que foram abertos diversos concursos para admissão de inspetores e peritos.
O diretor da PJ explicou que as propostas orçamentais feitas ao Ministério da Justiça foram integralmente aceites, com exceção de questões sindicais. Para Luís Neves, a aposta agora feita na PJ também traz responsabilidades e assumiu que dentro de meses, a instituição poderá concluir de forma mais célere investigações mais complexas.
A Ministra da Justiça realçou a aposta que o Governo está a fazer na área da justiça em geral e na PJ em particular. "O plano plurianual estabeleceu o ingresso de 1100 inspetores até 2026. Também haverá um investimento de 21 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência. Recuperamos ou adquirimos instalações. A PJ é um "player" absolutamente fundamental na realização da justiça", disse Catarina Sarmento e Castro.
Durante o discurso, Luís Neves repetiu várias vezes que nunca iria abdicar de dizer aquilo que pensa, numa clara alusão à polémica instalada com a Ordem dos Advogados. Recorde-se que o Bastonário da Ordem dos Advogados, Luís Menezes Leitão, considerou "inaceitáveis" as declarações de Luís Neves que, em entrevista à rádio Observador, acusou os advogados de "terrorismo judiciário", devido aos recursos permanentes que vão arrastando os processos nos tribunais. A Ordem abriu um processo disciplinar contra Luís Neves que iniciou a vida profissional como advogado.