Diretor da W52 - F. C. Porto muda de estratégia e vai falar no julgamento por doping
O antigo diretor desportivo da W52-FC Porto, Nuno Ribeiro, mudou de estratégia e, afinal, vai prestar declarações no julgamento em que é um dos 26 arguidos do processo sobre o uso de doping na equipa de ciclismo.
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A decisão foi tomada depois de Nuno Ribeiro, também ex-ciclista, se ter remetido ao silêncio, nos primeiros dias do julgamento, quinta e na sexta-feira no processo conhecido como da Operação Prova Limpa.
Segundo disse à agência Lusa o advogado de defesa Tiago Máximo, o ex-diretor desportivo queria “proteger os ciclistas”, mas agora considera existirem “questões no processo” que ainda não foram referidas “mas que são cruciais para a descoberta da verdade”. De resto, foram ditas algumas coisas que “não são condizentes com a verdade”, acrescentou o advogado, referindo também que o seu cliente tem “sofrido algumas pressões externas”.
Vários ciclistas confessaram já ter-se dopado ou praticado métodos ilícitos, com conhecimento de Nuno Ribeiro, que poderá depor na próxima sessão, a 8 de março.
Por razões de espaço, o Tribunal de Penafiel está a fazer o julgamento num pavilhão do Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira.
O julgamento arrancou na quinta-feira no pavilhão anexo ao Estabelecimento Prisional de Paços de Ferreira, distrito do Porto, com vários arguidos, entre eles sete ciclistas, a confessarem ter-se dopado ou praticado métodos ilícitos.
Vários dos acusados referiram ainda trocar opiniões e informações com Nuno Ribeiro, ainda que tenham rejeitado a tese de que seriam obrigados ou instruídos claramente a tomar, mas que o diretor desportivo sabia destas práticas.
Além disso, foi descrita outra prática durante competições da equipa de ciclismo, em que o quarto de Nuno Ribeiro, ou um segundo quarto sem ocupante, teria substâncias para que fossem tomadas pelos ciclistas, além da colocação de sacos de sangue (para reintrodução, ou 'transfusão') no autocarro da equipa.
No julgamento, que arrancou quinta-feira, todos os 26 arguidos respondem pelo crime de tráfico de substâncias e métodos proibidos, mas apenas 14 deles respondem pelo de administração de substância e métodos proibidos, terminando sexta-feira a audiência dos 10 arguidos que manifestaram intenção de se pronunciarem.
A Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) sancionou os ciclistas presentes, à exceção de Jorge Magalhães, cujo processo ainda decorre na instância desportiva. Todos cumprem sanções por dopagem, com sete deles -- João Rodrigues, Rui Vinhas, Ricardo e Daniel Mestre, Samuel Caldeira, José Neves e Ricardo Vilela -- com pena reduzida por terem reconhecido a culpa.
Foram já ouvidos os ciclistas João Rodrigues, Samuel Caldeira, Rui Vinhas, Daniel Mestre, Ricardo Vilela, Ricardo Mestre, Daniel Freitas e ainda outros três arguidos, a técnica de farmácia Carina Lourenço, cunhada de Caldeira, o primo de Vilela Marco Paulo Vilela Magalhães e Rui Sousa.