Um diretor do Banco de Portugal é um dos arguidos na Operação “Pactum” que, em 4 de abril, levou 250 inspetores da Polícia Judiciária (PJ), além de 50 especialistas da polícia cientifica, a realizar 75 buscas na Grande Lisboa, Porto e Braga.
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Entre os alvos estiveram o próprio Banco de Portugal, a Secretaria-Geral do Ministério da Justiça, o Instituto dos Registos e Notariado e, soube-se agora, a Meo. Em causa está a suspeita de haver empresas a corromper funcionários para controlar concursos públicos.
A notícia foi avançada pelo jornal online “Observador”, que aponta Carlos Moura como o diretor do Banco de Portugal constituído arguido na investida da PJ. Moura é o responsável pelo departamento de Sistemas de Tecnologia de Informação e o seu local de trabalho terá sido um dos locais visitados pelos inspetores.
A PJ suspeita que Carlos Moura mantenha ligações a antigos colegas da Portugal Telecom (atualmente Altice), empresa que abandonou em 2015. E que essas ligações tenham sido essenciais para que a Meo, que conta nos seus quadros com vários dos antigos colegas de Carlos Moura, tenha celebrado contratos com o Banco de Portugal.
A Meo, refere ainda o “Observador”, também foi alvo de buscas no início de abril, mas nenhum dos seus diretores terá sido constituído arguido.
Funcionários “toupeiras”
Já no dia seguinte à Operação “Pactum”, o JN avançou que diversas empresas usavam funcionários “toupeiras” de diferentes organismos públicos para obter informação privilegiada sobre os concursos lançados por estas para a aquisição de bens e serviços.
Estas “toupeiras” também conseguiriam moldar as adjudicações à feição das características das empresas para afastar a concorrência. Os próprios anúncios dos concursos, bem como cadernos de encargos e acompanhamento dos mesmos, estão sob suspeita de ter sido viciados, ao longo dos últimos anos, pelos funcionários públicos, que receberiam contrapartidas.
Os lucros das adjudicações seriam depois “divididos” entre as empresas que faziam parte do “cartel”.