A diretora do Centro de Acolhimento Tabor negou, esta quinta-feira, no julgamento do homicídio de Lucas Miranda, que alguma vez os arguidos Leandro Vultos e Ricardo Cochicho tenham avisado as técnicas da instituição de que o adolescente manifestava recorrentemente o desejo de morrer. O crime ocorreu no dia 15 de outubro de 2020.
Corpo do artigo
Maria de Jesus Martins, a diretora do Centro Tabor, reagia a declarações feitas durante a manhã desta quinta-feira pelo arguido Leandro Vultos. Este jovem contou no Tribunal de Setúbal que, antes de cometer o crime, tinha avisado as técnicas do Centro Tabor de que Lucas insistia em querer matar-se e de que o mesmo já tinha mesmo feito uma tentativa de suicídio. "Ninguém valorizou o que disse. Ele saltou das escadas, um dia, para se matar, e chamei à atenção a diretora do centro, mas ninguém quis saber", relatou o arguido, que confessou ter matado Lucas Miranda a seu pedido.
A diretora técnica do Centro Tabor desmentiu aquele relato do arguido, acusando de ser, também, violento. "Chegámos a solicitar ao tribunal para que fosse realizada uma perícia personalidade ao Leandro pois era bastante problemático e violento. Queria perceber se ele precisava de outro tipo de ajuda que o nosso centro não pode dar", afirmou Maria de Jesus Martins.
A diretora relatou um episódio em que, alegadamente, "o Leandro estava a rasgar uma bíblia e foi confrontado por uma técnica, a quem disse que a atirava da janela. Depois dizia que ela tinha pedido para morrer", acrescentou.
16335179
Sobre a alegada ideação suicida de Lucas Miranda, Maria de Jesus Martins desmentiu ter recebido tais informações pelo arguido, por outros utentes ou por colegas, referindo apenas um momento em que tal pudesse ter estado em causa: "Lucas fugiu muitas vezes no pouco tempo na instituição e, num dos regressos, tive a informação por uma técnica de que ele esmurrou um armário, exigiu o telemóvel e ameaçou matar-se. Mas foi a única vez que soube de qualquer intenção de suicídio", garantiu Maria Jesus Martins.
A diretora técnica do Centro Tabor explicou que conversou uma única vez com Lucas Miranda, após uma das suas fugas. "Ele dizia que ninguém gostava dele, referia-se aos pais, e que queria ir para junto dos amigos, no Barreiro, mas nunca falou em suicídio", declarou em tribunal Maria de Jesus Martins.