Dois guardas prisionais e um PSP detidos em buscas a sete cadeias
Dois guardas prisionais e um PSP foram detidos numa operação da Polícia Judiciária (PJ), na manhã desta quarta-feira. Há também outras 11 pessoas, muitas da quais ligadas a um laboratório clandestino de anabolizantes, suspeitas de introduzirem droga e telemóveis em várias cadeias do País, alvo de buscas.
Corpo do artigo
Os estabelecimentos prisionais de Lisboa, da cadeia anexa à PJ, do Linhó, Funchal, Carregueira, Caxias e Sintra foram alvo de buscas. Além dos detidos, há vários guardas prisionais que foram constituídos arguidos.
Segundo o JN apurou, as buscas começaram ao início da manhã e visaram celas, mas também os locais de trabalho dos guardas prisionais. A PJ foi à procura de provas que confirmem a ligação de alguns guardas prisionais a reclusos. A investigação suspeita que os elementos da Guarda Prisional eram corrompidos para introduzir droga, anabolizantes e telemóveis nas cadeias.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, um dos elos de ligação ao esquema, hoje desmantelado pela PJ é o laboratório clandestino de grandes dimensões que funcionava em Lisboa. Os suspeitos importavam produtos do estrangeiro para fabricar anabolizantes que eram depois distribuídos pelas cadeias, alvo de buscas, através de intermediários. Na operação, foram apreendidos produtos anabolizantes.
Ambiente "tenso" há vários anos
O maior problema, apontam fontes ligadas ao sistema prisional, verificava-se na cadeia anexa à PJ, onde o ambiente era “tenso” há vários anos. Há cerca de um ano foi, inclusive, formada uma task force com chefes e guardas de outros estabelecimentos prisionais para tentar resolver as lacunas de segurança ali diagnosticadas. A chegada de novos elementos da Guarda Prisional levou alguns colegas a entrarem de baixa médica.
Antes disto, e também na cadeia anexa à PJ, um recluso chegou a apresentar um talão que provava a transferência de 200 euros para a conta de um guarda prisional. O dinheiro seria para pagar um telemóvel e o guarda foi transferido da cadeia anexa à PJ para o Hospital-Prisão de Caxias, onde continua ao serviço.
PJ mobilizou 200 inspetores e peritos
Em comunicado, a PJ confirma que, “através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, desencadeou, uma operação policial nas zonas de Lisboa, Alcoentre, Sintra e Funchal, para cumprimento de 32 mandados de busca e apreensão (14 domiciliárias e 18 não domiciliárias)”.
Nessas buscas, foi descoberto um laboratório clandestino de produção de drogas, que funcionava num apartamento em Lisboa.
Diz a Judiciária que a Operação “Mercado Negro” “visa um alegado projeto criminoso, praticado, entre outros, por guardas prisionais que facilitam a entrada de substâncias ilícitas nos estabelecimentos prisionais a troco de vantagem patrimonial”.
“Em causa estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva, tráfico de estupefacientes, tráfico de substâncias e métodos proibidos, falsificação de documentos e branqueamento”, acrescenta o comunicado.
Ainda segundo a PJ, “as diligências, no âmbito de inquérito dirigido pelo DIAP Regional de Lisboa, foram acompanhadas por uma juíza de instrução, uma magistrada do Ministério Público e cerca de 200 inspetores e peritos” da Judiciária. “Os detidos serão presentes a primeiro interrogatório judicial de arguido detido, para aplicação de medidas de coação adequadas”, lê-se, por fim, no comunicado.


