Dono de discoteca na Póvoa diz que sócio se sente "injustiçado" com acusação de tráfico
Um dos donos da discoteca Honi Beach Day & Night, na Póvoa de Varzim, garantiu, esta quinta-feira, que o seu sócio, Paulo F., que foi acusado pelo Ministério Público (MP) de "fidelizar" clientes com "gratificações em produto estupefaciente”, sente-se injustiçado com tal acusação.
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Na sessão do julgamento que decorreu esta tarde, no Tribunal de Matosinhos, o empresário disse ao coletivo de juízes que sabia que o seu sócio era consumidor de cocaína, mas que tem "ideia" de que tal só ocorria em festas. Garantiu também que isso nunca afetou a gestão do estabelecimento de diversão noturna que, nos meses de verão, chega a faturar cerca de um milhão de euros. A testemunha acrescentou ainda que, apesar do sucedido, continua a confiar a "cem por cento" no seu parceiro, que conhece desde que este foi seu funcionário no Forte de São João, outro espaço de diversão noturna em Vila do Conde.
A acusação do MP diz que Paulo F., um dos 23 arguidos em julgamento, mantinha uma “relação de grande proximidade e confiança” com Hélder M., que o Ministério Público sustenta ser um dos dois líderes de uma rede que atuava na Póvoa de Varzim, em Vila do Conde e no Funchal (Madeira), a qual foi desmantelada no final de 2022 pela PSP do Porto. E que foi “o estrangulamento económico” causado pela pandemia na atividade profissional que levou o proprietário do espaço de diversão noturna a ter um papel de intermediário entre “toxicodependentes seus conhecidos” e os “fornecedores”. Quando foi alvo de buscas, Paulo F. tinha em casa mais de 25 mil euros.
Na sessão, foi ainda ouvida uma amiga de Paulo F., que afirmou que a detenção do empresário da restauração e eventos de música eletrónica teve consequências "traumáticas". Já um outro empresário, seu amigo, disse desconhecer qualquer consumo de estupefacientes. Desde que este foi detido, contou, conversou com ele sobre o assunto. Este, por sua vez, transmitiu-lhe que se sente injustiçado com a acusação, mas tem evitado tocar no assunto, acrescentou a testemunha.
A acusação do Ministério Público diz que, por exemplo, a 3 de novembro de 2021, Paulo F. foi buscar cocaína a casa do empresário da restauração Paulo G., que também está ser julgado no mesmo processo e que guardava o produto estupefaciente na gaveta das meias e no quadro da eletricidade, para depois repartir entre várias pessoas. Já a 18 de setembro de 2022, na sequência de um contacto telefónico com o seu primo, Paulo F. chegou a entregar-lhe cocaína, "em quantidade e num preço exatamente não apurado", no interior do estabelecimento de diversão noturna.
Além de alguns destes consumidores, "e no âmbito da sua atividade profissional", o MP diz que o sócio-gerente da discoteca “procurava fidelizar os clientes mediante gratificações em produto estupefaciente”.
Uma dessas ofertas de droga ocorreu em julho de 2022, na abertura da discoteca, quando o empresário da área da restauração e eventos de música eletrónica distribuiu gratuitamente dez gramas de cocaína aos seus clientes VIP.
O MP refere também que nesse mesmo mês e ano, durante o evento “Castle Experience”, em Santa Maria da Feira, o arguido diligenciou pela entrada de cocaína no recinto, que foi trazida por um DJ, “para consumo dos mesmos e distribuição aos artistas”.