Um casal que está a ser julgado por no pico mais crítico da pandemia mundial covid 19 servir um jantar a dezenas de apoiantes do então candidato presidencial André Ventura, em Braga, disse esta segunda-feira em tribunal que só aceitou o encargo “por confiar” nas garantias dadas pelos dirigentes do partido Chega.
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O jantar comício realizou-se em 17 de janeiro de 2020, Braga, mas na véspera a Delegação de Saúde e a Proteção Civil não autorizaram, estando o casal a ser julgado por acusação de desobediência, juntamente com André Ventura Rui Paulo Sousa, mandatário nacional da candidatura às presidenciais, e Filipe Melo, presidente da distrital de Braga e deputado na Assembleia da República.
“Só servimos o jantar por Filipe Melo, à data, ainda não deputado, ter assumido toda a responsabilidade e entregar-nos uma declaração nesse sentido”, declararam em tribunal os donos do restaurante, os septuagenários Teresa e Secundino Azevedo. “Ele apareceu-nos a dizer ser sobrinho do falecido cónego Melo e nós acreditamos logo nele”, explicou Secundino.
“Primeiro queriam meter cerca de 300 pessoas dentro do restaurante, mas depois foram diminuindo o número de participantes, à medida que íamos chamando a atenção para o distanciamento, acabando por servir 120 refeições”, acrescentou.
Teresa Azevedo reconheceu que “se vivia um caos”, em termos de saúde pública, mas “os organizadores deram-nos garantias, de ser um evento político que se poderia realizar, entregando-nos até uma declaração, na qual se responsabilizavam por tudo”.
Questionados pela juíza, ambos os arguidos confirmaram não ter a autorização, nem da Delegação de Saúde, nem da Proteção Civil afirmando que até quiseram desistir de servir o jantar. “Eles disseram já não terem outro local e confiamos totalmente neles”, garantiram.
O casal que está a ser julgado por, no período mais crítico da pandemia de covid 19, servir um jantar a mais de uma centena de apoiantes do então candidato presidencial André Ventura, em Braga, disse ontem em tribunal que só aceitou o encargo “por confiar” nas garantias dadas pelos dirigentes do partido Chega.