Droga e telemóveis encontrados em quase todas as celas da cadeia de Paços de Ferreira
A diretora da cadeia de Paços de Ferreira testemunhou no julgamento de guardas prisionais e reclusos: disse que ninguém respeitava as regras.
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Isabel Duarte Paulo, diretora da cadeia de Paços de Ferreira desde 2019, disse, no julgamento de uma alegada rede de tráfico de droga e telemóveis, que inclui reclusos e guardas prisionais daquela prisão, que quando ali chegou foi feita uma megaoperação que levou à apreensão de "telemóveis em todas as celas e droga na maior parte delas". A ser julgados estão três guardas prisionais, dez reclusos e dois alegados cúmplices. Estão acusados de corrupção, trafico e branqueamento de capitais
A diretora, escolhida para pôr ordem numa cadeia onde reclusos faziam festas transmitidas em direto nas redes sociais, explicou aos juízes que, logo à chegada, percebeu que havia droga e telemóveis a entrar ali com a cumplicidade ou permissividade dos guardas. Por isso, transferiu os suspeitos, "chefes da guarda e reclusos", cujos nomes eram falados "em toda a cadeia".
Isabel Paulo afirmou ter rapidamente percebido que a ilicitude naquela cadeia era generalizada, sem o cumprimento das regras de segurança. E deu exemplos como o fechar de olhos à entrada de guardas prisionais com malas ou mochilas, sem qualquer revista ou o facto de todos terem livre acesso, a qualquer hora, e a qualquer das áreas da cadeia.
Questionada pelo procurador sobre as "novas regras" de segurança que criou e implementou e que puseram cobro àquela desordem, a diretora respondeu célere que não criou nem inventou novos procedimentos, antes fez "cumprir as normas de segurança já existentes", mas que ali não eram minimamente observadas.
Nomeada pela ministra
Isabel Paulo foi nomeada por Francisca Van Dunem em março de 2019, logo a seguir a uma festa na cadeia, com álcool e drogas. Alguns reclusos transmitiram imagens, filmada por telemóvel, para o exterior. O vídeo foi amplamente divulgado, o que provocou a demissão da ex-diretora.
Guardas acusados
Os guardas prisionais estão acusados de introduzirem produtos proibidos no estabelecimento prisional, a troco de percentagens dos negócios ilícitos e prendas. Negam tudo.