O pescador acusado de matar Gonçalo Trindade, outro praticante de pesca lúdica, na Boca do Inferno, em Cascais, foi absolvido. Os juízes consideraram “insanável” a dúvida sobre se o arguido, de 54 anos, empurrou para o mar o outro, de 49, ou se este simplesmente escorregou da rocha onde estava a pescar.
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A absolvição não teve a unanimidade dos três juízes (uma juíza votou vencida) que julgaram o caso no Tribunal de Cascais, mas, a 20 de fevereiro, foi confirmada, de forma consensual, no Tribunal da Relação de Lisboa. Os dois pescadores envolveram-se numa discussão sobre quem tinha a responsabilidade de uma cana do arguido ter caído ao mar.
No recurso, o Ministério Público invocou a declaração feita pela juíza que votou vencida em Cascais, concluindo que a prova produzida permitia concluir, “sem qualquer dúvida”, que o arguido tinha “colocado as mãos no peito da vítima, empurrando-a na direção do mar”. Na Relação, os desembargadores Eduardo de Sousa Paiva, Ana Arnêdo e Maria de Fátima Bessa seguiram antes a tese prevalecente na primeira instância. Concluíram não que não há prova direta de que o arguido empurrou Gonçalo Trindade e que a prova indireta é “inconcludente”.