Elementos radicais dos "No Name Boys" suspeitos de apedrejar autocarro do Benfica
Elementos mais radicais do grupo No Name Boys terão estado na origem do crime. Casas de Lage, Grimaldo, Rafa e Pizzi vandalizadas. Futebol condena violência.
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As autoridades suspeitam que o ataque à pedrada ao autocarro do Benfica foi protagonizado por membros da ala mais radical da claque não legalizada No Name Boys.
Segundo apurou o JN, este tipo de crime à segurança de transporte rodoviário não carece de queixa e é punível com pena de prisão de dois a oito anos. A noite de terror que feriu Weigl e Zivkovic teve, porém, mais episódios, com as habitações de Bruno Lage, Grimaldo, Rafa e Pizzi a serem vandalizadas com pinturas insultuosas e a assinatura do referido grupo de apoio. Nestes casos, as queixas contra desconhecidos vão seguir para as autoridades competentes.
"As famílias do treinador e atletas cujas casas foram vandalizadas vão ter medo. Aqui e no ataque ao autocarro há aspetos que remetem para um quadro de terrorismo. Encontro nessas ações paralelo com o ataque a Alcochete", referiu ao nosso jornal Gaspar Ferreira, que é membro da Ordem dos Psicólogos, com especialização em desporto.
Toda esta vivência benfiquista gerou uma onda de solidariedade e de condenação às ocorrências. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, enviou mensagens de apoio a Luís Filipe Vieira e Bruno Lage. A Liga, de Pedro Proença, também reagiu em comunicado, tal como o próprio presidente dos encarnados. A notícia atravessou fronteiras e o Borussia Dortmund desejou as melhoras a Weigl.
Linha ultrapassada
O alemão fez treino de recuperação, mas o sérvio apresentou-se com o olho direito tapado, devido aos estilhaços dos vidros, e não pôde trabalhar. "Estamos bem", garantiram as vítimas mais afetadas, nas redes sociais, além de terem condenado os ataques. "Houve uma linha que foi ultrapassada", notou Weigl. "Este comportamento é injustificável. No entanto, garantimos que continuaremos a lutar pelo Benfica", acrescentou Zivkovic.
"Mais do que perceber como é que a equipa vai reagir a isto, em campo, é importante que haja uma rejeição geral deste tipo de comportamentos. Todavia, uma situação como esta vai despontar uma energização nos atletas e isto pode ser muito bem aproveitado pelo Benfica, que tem um departamento de psicologia muito competente e numeroso, que poderá dar o apoio necessário a treinadores, jogadores e dirigentes", acrescentou Gaspar Ferreira.
centenas de processos
Igualmente contactada pelo JN, a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto referiu que a investigação deste crime de apedrejamento ao autocarro do Benfica "estará a cargo do Ministério Público e, em coadjuvação, das autoridades policiais", acrescentando que a entidade conta "neste momento com cerca de oito centenas de processos de contraordenação concluídos".
Recorde-se que estes crimes foram cometidos na sequência do empate a zero do Benfica com o Tondela. O apedrejamento ocorreu no trajeto rumo ao Seixal, onde a equipa está em concentração devido à covid-19. Serve isto para dizer que nas casas vandalizadas só se encontravam familiares. "Se pensam que é assim que se aumenta o rendimento dos jogadores, estão a desgraçar o futebol e o negócio", afirma o treinador Manuel Cajuda, ao JN.