Empresa espanhola de ex-polícias e antigos militares fez mais um despejo em Portugal
A delegação portuguesa do Antiokupas Group, empresa espanhola de ex-polícias e antigos militares especializada em despejar inquilinos e ocupas, voltou a retirar pessoas de uma casa. A ação ocorreu numa residência do Barreiro, em Setúbal.
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Recorde-se que, tal como o JN avançou, a atividade desta empresa é considerada ilegal pela PSP e está na mira da Procuradoria-Geral da República.
O vídeo do despejo já está publicado nas redes sociais do Antiokupas Group com o título “Outra casa recuperada em Portugal” e começa por mostrar três homens, vestidos de preto, com luvas e de cara tapada, a bater à porta de uma casa, ao cair da noite. Depois, um dos indivíduos refere que pretende “resolver as coisas a bem”, porém avisa os inquilinos que têm 24 horas para contactar o proprietário da habitação. O mesmo vídeo, mas com imagens de um dia diferente, exibe os três homens a entrar na casa já vazia.
Visita durante a noite
Ao JN, o fundador e sócio do Antiokupas Group, o espanhol Rafael Sánchez Mejias, refere que a empresa foi contratada pelo dono do imóvel, situado no Barreiro, para desalojar um inquilino que não pagaria a renda. “A casa estava arrendada a uma mulher que, entretanto, acolheu na residência o irmão e a mãe. Passado pouco tempo, zangou-se com o irmão e abandonou a residência. Mas o irmão permaneceu sem pagar nada”, relata.
O proprietário da habitação acabou por contratar os serviços do Antiokupas Group e, na semana passada, os seus elementos deslocaram-se ao local. “O inquilino entregou, poucos dias depois, as chaves da casa por vontade própria”, garante Rafael Sánchez Mejias.
Este empresário já tinha referido, ao JN, que o Antiokupas Group desalojou pessoas de sete casas em Portugal, desde o início de maio, data em que a empresa criou uma delegação em território nacional. Antes, atuava só em Espanha, onde realizou 3800 desalojamentos, nos últimos anos.
A empresa de segurança é constituída por ex-polícias e antigos militares, que não têm receio de recorrer à força para retirar as pessoas de casa. Cobra entre três a quatro mil euros por serviço e, diz Rafael Sánchez Mejias, atua dentro da legalidade.
No entanto, o seu lema é “se a lei não atuar, atuamos nós” e, ao JN, a Procuradoria-Geral da República revelou que “o Ministério Público encontra-se a analisar os factos que têm vindo a público” relativamente à atividade do Antiokupas Group em Portugal.
Também a PSP frisou que “desocupações ilegais de imóveis por empresas ou indivíduos são vedadas pela legislação portuguesa, constituindo crime”. “Nenhuma entidade privada pode atuar neste âmbito, estando tal reservado às autoridades judiciais e policiais. A atuação de empresas estrangeiras ou nacionais nesse contexto implicaria, em flagrante delito, a respetiva detenção, ou, fora desse contexto, o levantamento de auto de notícia criminal”, explicou fonte oficial.