Reformado abordava jovens residentes em África ou de origem asiática. Oferecia sapatilhas e dinheiro em troco de envio de fotografias íntimas. Vai começar em breve a ser julgado.
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Um empresário reformado, hoje com 70 anos, criou 11 identidades falsas na rede social Facebook para entrar em contacto com menores e levá-los a enviar-lhe fotografias íntimas. O homem, residente no Porto, fazia-se passar por adolescente e procurava essencialmente rapazes de origem africana ou asiática. Começa em breve a ser julgado no Tribunal de S. João Novo, no Porto.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), o homem começou a abordar menores em 2012 e continuou até 2017, ano em que foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) do Porto.
Confortavelmente sentado à frente do computador da sua moradia, no Porto, o antigo empresário criou virtualmente jovens personagens adolescentes que se chamavam "Luís Manuel", "José Manuel", "Filipo Gomez", "Nani Durão", "Rucas Filipe", "Andónio", "Rakell Wish", "Francisca Chica", "Mário Lucas", "Rita João" e "Alex Manu". Em todas essas falsas identidades garantia ser adolescente. Mentia acerca da sua real idade e naturalidade, como também usava como fotografia de perfil imagens de adolescentes retiradas da Internet. Tudo seria pensado para coincidir com a identidade com a qual pretendia apresentar-se.
Prometia férias
Acusado de 16 crimes de pornografia de menores e três de abuso sexual, o antigo empresário procurava essencialmente rapazes com idades entre os 10 e os 16 anos.
Sob a falsa identidade de "Nani Durão", que tinha 110 "amigos", o arguido afirmava ter nascido em 2001 e abordou vários rapazes a quem confessou ser homossexual.
A um deles, de 15 anos, residente em Moçambique, prometeu-lhe que iria viajar de férias para aquele país, a fim de o visitar. Mantiveram várias conversas de cariz sexual e chegou a enviar-lhe fotos de um jovem desnudado. Também lhe deu instruções sobre a melhor forma de tirar fotos com um telemóvel, para que se visse o órgão sexual e o ânus. Prometeu que, se lhe enviasse essas imagens, lhe ofereceria um telemóvel.
Sob a falsa identidade de uma adolescente, "Rakell Wish", abordou um menor, de 17 anos, a quem pediu que lhe enviassem imagens do seu sexo. Enganado, o menor aceitou e mandou-lhe várias fotos despido e de alguns pormenores físicos.
Quando foi detido, a PJ do Porto realizou buscas à faustosa vivenda do indivíduo. Os inspetores descobriram, num telemóvel e cartão de memória, cerca de cinco mil ficheiros de vídeos e imagens, envolvendo menores em cenas de sexo ou nus.
Depois de detido, um juiz entendeu libertar o arguido, sob termo de identidade e residência.
Apanhados quatro suspeitos de abusos de crianças
A Polícia Judiciária deteve, em quatro situações distintas, outros tantos indivíduos suspeitos de terem abusado de menores. Ocorreu um caso em Macedo de Cavaleiros, dois em Lisboa e um nos Açores, onde um pai está indiciado por ter molestado a própria filha durante visitas parentais.
Em Trás-os-Montes, foi um servente de armazém, de 38 anos, que terá abusado de uma menor de 14. A PJ de Vila Real adiantou que os factos ocorreram durante novembro último, "numa residência sita em Macedo de Cavaleiros".
Em Lisboa, as autoridades prenderam um padrasto, com 33 anos, que, no verão do ano passado, iniciou uma "aproximação física e sentimental à criança, o que foi sucedendo de forma gradual e crescente, acabando por consumar os abusos", precisa a PJ, informando ainda que o indivíduo ficou em prisão preventiva.
Ainda na zona da capital, um homem de 40 anos, aproveitou a relação de proximidade que mantinha com uma família vizinha, para levar a vítima, de 13 anos e com défice cognitivo, para a sua residência e ali abusar dela. Também ficou em prisão preventiva. Já nos Açores, na zona de Nordeste, um pai, de 42 anos, terá molestado a filha de 12, na casa onde esta o visitava no período de férias escolares. O tribunal libertou-o.
Conselhos
Cuidado com fotos
As autoridades aconselham a evitar a partilha de imagens ou vídeos que possam comprometer a intimidade e privacidade. Muitas das chantagens feitas online acontecem com imagens particulares.
Idade mínima
Em relação a crianças e menores, é de salientar a importância de estabelecer uma "idade mínima" para a sua adesão às novas formas de comunicação e de avisar os mais jovens "das consequências do seu mau uso".