O empresário de alguns jogadores do Benfica está a ser investigado em Espanha por suspeita de ter lesado o Fisco em 10 milhões de euros. Contratos fictícios de Fali Ramadani foram divulgados pelo "Football Leaks".
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Fali Ramadani, o empresário albanês de futebol cuja empresa representa o ponta de lança do Benfica Haris Seferovic e vários antigos atletas do clube da Luz, está no centro de uma investigação das autoridades espanholas e da Europol por fraude e evasão fiscal, assim como branqueamento de capitais, alegadamente cometidos através de contratações fictícias de jogadores. Na mira das polícias há cinco indivíduos que terão conseguido desviar cerca de 10 milhões de euros.
A operação "Lanigan" resulta de uma das revelações contidas na massiva exposição de ilegalidades no mundo do futebol, o "Football Leaks", da responsabilidade de Rui Pinto, atualmente preso em Portugal por tentativa de extorsão e crimes informáticos. A informação permitiu às autoridades espanholas detetar suspeitas de contratos fictícios nos quais agentes de futebol como Fali Ramani ocultaram rendimentos para fugir ao pagamento de impostos.
De acordo com a Guardia Civil e a imprensa espanholas, as investigações começaram em 2017, com a informação de que dois empresários de futebol da agência Lian Sports, de Fali Radamani, que presta serviços entre outros a Seferovic, Ljubomir Fejsa, Lazar Markovic e Luka Jovic, compraram vivendas de luxo na ilha de Maiorca através de supostas empresas de fachada com sede em Malta.
Benfica comprou ao Limasol
Ainda de acordo com a investigação, os empresários terão usado o clube cipriota Apollon Limasol para realizar contratações-fantasma. Foi precisamente a este clube que, em janeiro de 2016, o Benfica comprou, por dois milhões de euros, Luka Jovic, um jovem avançado natural da Sérvia que viria a ser emprestado e depois - através da cláusula de opção de compra - vendido ao Eintracht Frankfurt, da Alemanha, em 2019, por sete milhões de euros. No mesmo ano, o jogador foi vendido por 60 milhões ao Real Madrid. Com esta operação o Benfica viria a encaixar 22 milhões, graças às mais-valias obtidas pelo clube alemão.
"Após a monitorização exaustiva da origem do dinheiro a nível internacional, foi possível descobrir como esses agentes faziam parte de uma organização criminosa capaz de controlar vários clubes de futebol em países como a Sérvia, Chipre ou a Bélgica, realizando contratações fictícias, cujo conhecimento foi possível através do "Football Leaks"", explica a Guardia Civil em comunicado ontem divulgado. Na mesma nota, aquela Polícia refere que o esquema permitiu a obtenção de "grandes benefícios monetários", à custa de "grandes danos económicos aos clubes mencionados, bem como às autoridades tributárias dos países envolvidos".
A operação desenrolou-se nas ilhas Baleares, Barcelona, Madrid, Málaga, Sevilha, Almeria, Valência, Astúrias, Guipúzcoa, Vitória e Pontevedra, onde decorreram buscas em residências e empresas. Não se sabe, ainda, se foi pedido o apoio das autoridades portuguesas, uma vez que a Lian Sports também fez negócios em Portugal. Na mira das autoridades está um escritório de contabilidade, com sede em Malta e delegações em outros países, que daria apoio aos suspeitos na ocultação de rendimentos e criação de empresas de fachada.
Jogadores agenciados
Haris Seferovic: foi contratado pelo Benfica ao Frankfurt em 2017. No ano passado, foi o melhor marcador da Liga.
Ljubomir Fejsa: esteve seis épocas no Benfica, até ser transferido esta época para o Alavés, em Espanha.
Luka Jovic: chegou ao SLB em 2016, mas nunca vingou. Vendido ao Frankfurt, foi transferido para o Real de Madrid.
Lazar Markovic: o avançado, hoje com 25 anos, esteve no Benfica na época 2013/2014, na era de Jorge Jesus.