Mais de 40% das rotas dos veículos de transporte de valores já foram suprimidas desde o início da pandemia da Covid-19, levando as empresas de segurança a temer pelo futuro.
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Há firmas a cancelar contratos de prestação de serviços de vigilância e a Associação de Empresas de Segurança (AES), liderada por Rogério Alves, admite que a situação é um convite à criminalidade, pelo que já propôs ao Governo medidas de emergência.
Todos os dias, as empresas estão a perder clientes. Com a supressão de rotas, empresários e comerciantes que mantêm a atividade são obrigados a guardar dinheiro vivo ou a transportá-lo até às instituições bancárias. "A interrupção dos serviços de transporte de valores equivale à suspensão da recolha de numerário, o que, por sua vez, resultaria na concentração de avultados montantes por tempo excessivo e indeterminado, com o cortejo de inconvenientes e riscos que daí derivam", explica ao JN o presidente da AES, Rogério Alves, que propôs ao governo uma série de medidas para travar uma eventual subida do número de crimes.
"Serviços mínimos"
"A eventual diminuição dos serviços de segurança é um convite à criminalidade, nomeadamente ao furto e ao roubo em locais que, por razões que são do conhecimento público, estão devolutos por tempo indeterminado. Deviam ser promovidos serviços mínimos que garantam a segurança desses edifícios devolutos, para além dos demais. Sabendo-se que é impossível ter um polícia em cada esquina, a prevenção passa pela segurança privada" assegura.
A proposta apresentada pela AES ao Governo e concertação social visa "acautelar, a bem de toda a comunidade, que as medidas tomadas pelo Governo não ocasionem a paralisação total da atividade das empresas de segurança privada que, neste momento de emergência, tanto podem ajudar as forças e serviços de segurança, relativamente às quais têm, aliás, uma função complementar, nos termos da lei". O JN sabe que as propostas pretendem equiparar, por exemplo, as carrinhas de transporte de valores a veículos de emergência e que seja acautelada a circulação de vigilantes e seguranças.
A supressão de 40 % das rotas no transporte de valores é outro problema que enfrentam as empresas de segurança. Há clientes que rescindiram os serviços, pouco depois de ter sido decretado o estado de emergência. "O impacto está a ser enorme, quer no transporte de valores, em que os serviços só são cobrados se e quando são executados, quer nos restantes serviços de segurança, face à degradação das condições financeiras dos clientes", explica a AES.
"Mesmo quem continua a contratar serviços de segurança, por deles não poder prescindir, passou a ter muitas dificuldades em pagar esses mesmos serviços, o que, evidentemente, se repercutirá nas empresas prestadoras desses mesmos serviços".
Pormenores
Lay-off para fazer face à crise - Algumas empresas de segurança privada já estão a recorrer ao lay-off simplificado para fazer face à quebra de faturação e à supressão de rotas de transporte de dinheiro.
Equipamento de proteção - Embora o setor também se debata com a ameaça de esgotamento de stocks, a Associação de Empresas de Segurança garante que têm estado a ser fornecidos equipamentos de proteção individual aos funcionários.