Enfermeiro que tratou feridos na AG do F. C. Porto foi intimidado por Catão por ter roupa verde
Um enfermeiro que estava de serviço na Assembleia Geral do F. C. Porto tratou de pelo menos 12 pessoas feridas e agredidas. Daniel P. recordou em tribunal que chegou a ter até sete pessoas ao mesmo tempo a pedirem-lhe ajuda, e contou que foi intimidado e insultado por Vítor Catão por estar vestido de verde.
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“Vi pessoas muito ansiosas, super nervosas e muito preocupadas em sair dali o mais rápido possível porque se sentiam em perigo”, recordou o enfermeiro. Lembra-se que tratou de um casal, mas não sabe o nome, até porque, quando os estava a tratar, tinha cinco ou seis pessoas junto de si, no piso do pavilhão, perto das mesas, a pedir ajuda.
Daniel descreveu “um ambiente de confusão”. Havia pessoas que se levantavam da bancada e que se dirigiam a outros sócios a mandarem-nos calar e para se sentarem. “Algumas usavam roupas alusivas às claques”, recordou, mas sem conseguir identificar nenhuma pessoa em concreto. Questionado pela advogada de Fernando Saul, admitiu que havia “um certo despique” verbal entre apoiantes das duas facções. A seu pedido, o enfermeiro prestou declarações sem a presença dos arguidos na sala do tribunal.
Duas das pessoas que tratou caíram das escadas a fugir da confusão ou empurradas, as outras terão sido alvo de agressões físicas. Daniel tratou cerca de 12 pessoas. Nenhuma delas era da claque dos Super Dragões, garantiu o enfermeiro quando questionado pela advogada do F. C. Porto. Depois, admitiu que não poderia dizê-lo com certeza, pois não os conhecia a todos. O advogado de Vítor e Bruno Aleixo pretendia confrontar o enfermeiro com as declarações que tinha prestado em sede de inquérito sobre o número de pessoas assistidas, mas o Ministério Público opôs-se.
O enfermeiro, que também presta serviços à equipa de hóquei, a jogos de futebol e a outros eventos do clube, considerou que, “se algumas pessoas da mesa da Assembleia tivessem pedido às pessoas para não terem esta atitude, tinha ajudado”. Quanto aos seguranças, disse que não sabia precisar em concreto quantos eram, mas que “tentaram controlar a situação e fazer o máximo com a capacidade que tinham”.
Revelou ainda que nessa manhã tinha vindo de trabalhar no Hospital e que estava vestido de verde. Por esse motivo, já no interior do estádio, perto do auditório, foi intimidado e insultado por Vitor Catão. “Ó meu filho da p*, porque é que estás de verde?”, perguntou. A intervenção de um elemento dos Super Dragões terá serenado os ânimos.