Espanhóis escondidos em Portugal traficavam mais de 300 quilos de droga por mês
Dois fugitivos espanhóis tinham papéis de revelo na célula portuguesa de uma rede que traficava cerca de 300 quilos de haxixe por mês. A organização contava com a participação de dois portugueses, responsáveis por transportar a droga do Algarve para Odivelas, num carro que só era usado para o tráfico.
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Todos foram detidos na última terça-feira, numa operação da PSP que envolveu uma abordagem ao automóvel, carregado com mais de 400 mil euros de haxixe.
Ainda não eram 2 horas da madrugada quando, na passada terça-feira, um dos suspeitos portugueses dirigiu-se a uma garagem de Odivelas, sentou-se ao volante da viatura que ali estava imobilizada há cerca de três semanas e seguiu rumo ao Algarve. O indivíduo julgava-se sozinho, mas, a uma distância discreta, polícias da Esquadra de Investigação Criminal da Divisão Policial de Loures vigiavam todos os seus passos.
Os mesmos agentes seguiram o alvo até ao Algarve, esperaram que este carregasse dez fardos de haxixe para a bagageira do automóvel e mantiveram a perseguição quando o automóvel iniciou o percurso de regresso a Odivelas. Ao início da mesma manhã, a meio do troço da autoestrada que liga o Sul do país à capital do País, o condutor foi obrigado a parar a marcha pelos elementos da Unidade Especial de Polícia e, imediatamente, detido, na posse dos 360 quilos de haxixe.
Logo depois, a PSP levou a cabo 11 buscas em Odivelas, Loures, Lisboa, Quarteira e Ericeira e deteve mais quatro homens, dois dos quais espanhóis. Também apreendeu mais de 122 mil euros, a maioria encontrada numa casa vasculhada pelos agentes.
Batedor protegia carro com droga
Este foi, para já, o último ato de uma investigação que começou em janeiro do ano passado. Diligências efetuadas desde essa altura, permitiram à PSP descobrir que havia uma rede, organizada e hierarquizada, a traficar grandes quantidades de haxixe do Algarve para a Grande Lisboa.
No topo da célula estavam dois espanhóis, condenados a cinco e 15 anos de prisão no país vizinho, por tráfico de droga. Apesar das penas já terem transitado em julgado, nunca estiveram na cadeia, porque ambos fugiram para Portugal e por cá viviam com documentos de identificação falsos.
Eram os espanhóis que, a partir de Odivelas, vendiam a droga a grupos de menor dimensão e davam ordens aos elementos portugueses da rede. Um dos suspeitos nacionais era responsável por deslocar-se ao Algarve para transportar o haxixe para Odivelas. Viajava sempre sozinho, com intervalos de cerca de três a quatro semanas, e conduzia um automóvel que só era utilizado no narcotráfico. Quando não estava a transportar droga, a viatura permanecia oculta numa garagem para não levantar suspeitas.
Durante o percurso, o automobilista realizava medidas de contravigilância e era auxiliado por um batedor, que circulava à sua frente, noutra viatura, para sinalizar operações policiais. Também o batedor foi detido, mas seria libertado após ser interrogado pelo juiz do Tribunal de Loures. Já os dois espanhóis e o transportador de droga ficaram em prisão preventiva.