O alegado esquema de branqueamento pelo qual César Boaventura foi detido levou a PJ a realizar buscas nas instalações do Benfica e do Sporting. Ainda estão a decorrer. Em causa estão pelo menos 15 transferências de jogadores intermediados pelo empresário. Entre eles estão os negócios de Gedson Fernandes, e Odisseas Vlachodimos, ambos do Benfica.
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A Polícia Judiciária (PJ) do Porto está desde esta manhã a realizar uma mega operação (designada por "Operação Malapata") que visa desmantelar um esquema de branqueamento de capitais que movimentou cerca de 70 milhões de euros nos últimos anos.
Em parceria com a Direção de Finanças do Porto, foram detidos três indivíduos por crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento. O empresário de futebol César Boaventura está entre os detidos.
Numa operação que mereceu o apoio dos Departamentos de Investigação Criminal de Braga e Madeira e ainda da Unidade de Perícia Tecnológica Informática, a PJ e Finanças do Porto realizaram 28 buscas nos concelhos de Barcelos, Braga, Esposende, Trofa, Vila Nova de Famalicão, Funchal, Benavente e Lisboa.
Entre as transferências de jogadores que a PJ e o fisco querem passar a pente fino estão Luca Waldschmidt e Odisseas Vlachodimos, mas também Lisandro Lopez, Florentino, Nuno Tavares, Gedson Fernandes, Gabigol e Facundo Ferreyra, além de Bernardo Martins, Jeremy Sarmiento e Aurélio Buta.
Entre os três detidos está também um empresário do setor metalúrgico.
Sporting e Benfica garantem que não são visados
O Sporting confirmou as buscas, em comunicado, mas garante que a SAD o clube "não são alvo da investigação, directa ou indirectamente, não têm qualquer relação com o investigado, nem são visados na matéria das buscas", sublinhando ainda a "enorme surpresa" pela operação nas instalações leoninas, "dada a assumida inexistência de relação da Sociedade e Clube nas buscas em causa. Sem prejuízo, a Sporting SAD colaborará, como sempre, com as autoridades", garantiu.
O mesmo esclarecimento foi prestado pelo Benfica, também através de um comunicado em que confirma as diligências "no âmbito de um processo que se encontra em segredo de justiça". "O Sport Lisboa e Benfica não é arguido ou sequer visado neste processo, nem qualquer membro dos seus órgãos sociais", salienta a SAD benfiquista.
Esquema de branqueamento
De acordo com informações recolhidas pelo JN, as autoridades suspeitam que César Boaventura se envolveu no esquema de branqueamento, que terá duas vertentes.
A primeira prende-se com a ocultação de rendimentos legais de empresas, que seria feito através da emissão de faturas falsas, com a empresa de fachada.
A outra seria a circulação de verbas por uma multitude de contas bancárias sediadas em vários locais do mundo para serem branqueadas e regressarem a Portugal.
De acordo com um comunicado da PJ, foi "através do exercício de atividade comercial fictícia de sociedades geridas pelos suspeitos, assim como de correspondentes contas bancárias tituladas por terceiros", os arguidos "criaram intrincado esquema de faturação / movimentação financeira que ofereciam tanto como veículo de branqueamento para terceiros, prestando assim esse serviço ilícito pelo qual seriam remunerados, como para ocultação dos proveitos gerados da própria atividade legítima dos próprios e de terceiros, nos setores indicados".
Segundo a PJ, para já foram identificados movimentos financeiros, em diversas plataformas, num montante superior a 70 milhões de euros. Com o esquema, o principal arguido terá lucrado 1,5 milhões de euros.
No decurso da operação policial, foi apreendida documentação diversa relativa à prática dos factos, diversas viaturas automóveis e material informático.