Quatro estivadores que prestavam serviço no porto de Leixões foram apanhados, em flagrante, a retirar cerca de 100 quilos de cocaína de um contentor. Os trabalhadores, contratados por diferentes cartéis, foram detidos, na noite da última segunda-feira, pela Polícia Judiciária do Porto.
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Todos portugueses, trabalhavam há vários anos como estivadores, mas nenhum deles era funcionário com vínculo à empresa que gere o porto de Leixões. Eram, isso sim, contratados regularmente para desempenhar funções que, a determinada altura, exigia mais mão-de-obra.
Mesmo num regime precário, os estivadores tinham acesso regular à infraestrutura portuária e muitas vezes ajudavam a descarregar os milhares de contentores que, diariamente, ali chegam.
A investigação da Polícia Judiciária do Porto, que se prolongou pelos últimos meses, apurou que os estivadores também não eram membros de nenhum cartel, mas eram contratados por diferentes redes criminosas, para retirar a cocaína dos contentores que chegavam a Leixões, oriunda da América do Sul.
Era dos traficantes dessas distintas redes que recebiam a informação necessária, nomeadamente a identificação do contentor carregado de droga, para, no âmbito das suas funções, retirarem os sacos com cocaína e, de forma dissimulada, fazê-los passar pela segurança do porto e entregá-los a quem os contratava.
Cada um deles recebia milhares de euros sempre que conseguiam retirar cocaína de Leixões.
Método rip on/rip off
Na noite de segunda-feira, os quatro estivadores iriam concretizar mais um crime. Dirigiram-se ao contentor sinalizado e que já estava armazenado no porto, retiraram os cerca de 100 quilos de cocaína do seu interior, porém, quando se preparavam para transportar a droga para o exterior do porto, foram detidos pelos inspetores da Polícia Judiciária.
Já nesta quarta-feira, os estivadores foram levados ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, onde continuam à espera da aplicação das medidas de coação.
A cocaína apreendida, apurou o JN, foi escondida no contentor ainda no Brasil e transportada para Portugal sem que a empresa que o encomendou tivesse conhecimento. Este método, denominado de rip on/rip off, é frequentemente usado pelos cartéis dedicados ao tráfico internacional para tentar ludibriar as autoridades policiais.