Pedro Leal e João Correia, acusados de espancar, há nove anos, quatro espanhóis à porta de um bar em Santiago de Compostela, Espanha, não compareceram este mês à audiência na qual um terceiro arguido, Juan Severino Somoza, se declarou culpado pela agressão à vítima principal. Juiz espanhol chegou a emitir mandado de busca e detenção para o ex-capitão da seleção portuguesa de râguebi, mas sem sucesso. "Lobos" dizem-se inocentes e negam ter estado no local.
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A Justiça espanhola tem tentado notificar os dois antigos jogadores de referência da seleção portuguesa de râguebi, Pedro Leal e João Correia, acusados de terem participado numa agressão a quatro jovens espanhóis, na madrugada de 17 de março de 2013.
O caso aconteceu após uma rixa envolvendo vários atletas da seleção nacional, já depois do jogo entre Portugal e Espanha para o Torneio Europeu das Nações, que se realizou na altura, mas só agora chegou à barra dos tribunais. A principal vítima, David García Cea, chegou a acordo com um terceiro arguido, o ex-jogador Juan Severino Somoza, um argentino naturalizado português, que se declarou culpado pela agressão.
Num documento a que o JN teve acesso, o juiz Luis Legerén chegou a ordenar a busca e a detenção de João Correia, ex-capitão da seleção nacional de râguebi, "se possível" 72 horas antes da audiência, realizada a 1 4 de março, "dada a impossibilidade" de intimá-lo, mas sem sucesso. Também Pedro Leal falhou a audiência. A advogada que representa as quatro vítimas disse ao JN não entender por que é tão difícil localizar os dois antigos "lobos". "Durante estes nove anos, tivemos de emitir comissões rogatórias a muitos países para tentar localizar os jogadores que haviam sido identificados nos exames fotográficos", afirmou Carmen Torreiro.
Leal e Correia dão álibis
Para já, ainda não há data para a próxima audiência. Apesar de terem falhado a ida a tribunal, João Correia e Pedro Leal sempre clamaram inocência. Contactado pelo JN sobre assunto, Pedro Leal alega que não foi "chamado ou notificado". "Quanto aos factos, eles são totalmente falsos em relação à minha pessoa, pois quando eles ocorreram eu estava em Lisboa com mais quatro jogadores, incluído o treinador da seleção nacional, Tomaz Morais", alega.
Pedro Leal adianta ainda que vai apresentar uma "queixa-crime por denúncia caluniosa" contra David Cea. Também João Correia afirma que não estava no local à data e hora do sucedido. "Não sei o que se passou e fui falsa e injustamente acusado", disse ao JN.
Segundo a acusação privada, que o JN consultou, na rixa participaram "entre 12 e 15 pessoas". Só Juan Somoza, João Correia, Pedro Leal e Juan Murré foram identificados por fotografias, tendo os três primeiros sido acusados.
A contenda terá começado depois das 5 horas, dentro do pub "Retablo", mas terá escalado fora, com Somoza a desferir um soco na cara de David Cea, partindo-lhe o maxilar. No chão, continua a acusação, a vítima foi pontapeada na cabeça, alegadamente por João Correia, tendo ficado inconsciente e com costelas partidas. David acabaria por ficar hospitalizado cinco dias e um mês sem trabalhar.
Somoza paga dois mil euros a vítima
O ex-jogador da seleção de râguebi Juan Somoza declarou-se culpado da agressão a David Cea. Na audiência que decorreu em Santiago de Compostela e em que participou por videoconferência a partir da Argentina, o antigo "lobo", agora com 40 anos, aceitou a pena de um ano de prisão, suspensa, bem como o pagamento de uma indemnização de dois mil euros.
A acusação privada pedia três anos e meio e 4500 euros, pagos por todos os acusados. No entanto, dada a admissão de culpa, a advogada aceitou a redução da pena, suspensa sob a condição de o arguido não reincidir no prazo de dois anos. O Ministério Público espanhol, que pedia dois anos e um dia de prisão e uma indemnização conjunta de 1800 euros, aceitou.
Pormenores
Outros agredidos
O irmão de David García Cea, Jacobo, bem como os amigos, Alejandro Rodríguez e Adrián Lamas, também ficaram feridos na rixa, embora com menor gravidade. A acusação privada, bem como o Ministério Público espanhol, pediam uma indemnização entre os 350 e 400 euros.
Médico e treinador
João Correia (42 anos) é atualmente médico, mas já foi capitão da seleção nacional de râguebi. Já Pedro Leal (37 anos) está ligado à Fine & Country, uma empresa imobiliária especializada na compra, promoção e venda de propriedades de luxo em Portugal, embora também seja treinador no Grupo Desportivo de Direito e proprietário da Academia Pedro Leal.